São Paulo, sexta-feira, 16 de fevereiro de 1996 |
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Pânico da imigração habita futuro fantasiado em 'Assassinato Virtual'
INÁCIO ARAUJO
Todo o resto do filme é dedicado a um assunto também atual, a realidade virtual. O enredo desenvolve-se em torno da capacidade de um ser de computador, Sid 6.7, sair dessa dimensão e invadir a realidade real. Estamos em 1999, e quem vai enfrentá-lo é o presidiário Parker (Denzel Washington). É inútil deter-se sobre os meandros da trama de "Assassinato Virtual". Ela oscila entre o o insano e o decididamente cretino -com vantagem para esse último. A única coisa relevante no filme é o fato de o ser virtual de 1999 invadir a realidade, da mesma forma como imigrantes invadem -não raro ilegalmente- os EUA. Esta é a fantasia desenvolvida: a de que, à custa de abrigar seres estrangeiros, os EUA se vejam às voltas com uma realidade que não podem controlar. Novamente, temos o cinema como veículo que abriga o pânico do futuro -como na maior parte dos filmes de ficção científica. Aqui, o mais relevante é o reacionarismo. Embora seja um negro, Denzel Washington, o ator principal do filme, o trabalho com a idéia de raça é dicretamente obsessivo. A separação entre raças é tão clara que, desta vez, o fato de se insinuar um romance entre Denzel e uma branca (Kelly Lynch) e nada acontecer entre eles não se dá por medo de chocar os espectadores brancos. Trata-se de uma opção ideológica: atesta a separação dos mundos como um dado da natureza. Brancos e negros não devem se encontrar, assim como seres reais e seres virtuais. Todo o resto é disfunção. Pode ser uma interpretação delirante. Mas fora dela, este filme simplesmente não faz sentido. Filme: Assassino Virtual Produção: EUA, 103 min. Direção: Brett Leonard Elenco: Denzel Washington, Kelly Lynch, Russell Crowe Onde: a partir de hoje nos cines Eldorado 5, Ipiranga 1 e circuito Texto Anterior: Turma de Quentin Tarantino é a única a rir em "Grande Hotel" Próximo Texto: Comédias e filmes independentes entram em cena durante o Carnaval Índice |
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