São Paulo, sexta-feira, 16 de fevereiro de 1996
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Ilhabela oferece boas opções gastronômicas

EITAN ROSENTHAL
EM ILHABELA, ESPECIAL PARA A FOLHA

Não é difícil achar boa comida em Ilhabela. Driblando a grande maioria de restaurantes e bares "classe turística" e estradas esburacadas, o cidadão cioso do valor do seu apetite será recompensado.
Rumo ao sul, a bela vista da Ilha das Cabras no canal de São Sebastião desperta o apetite por frutos do mar. Quase na chegada da praia Feiticeira, fica o restaurante Ilhasul. O dono Mario Simões, mergulhador que é, vê tudo maior que a realidade.
O prato de "lagosta grelhada na manteiga com batata sauté" (R$ 66,00) é feito com todo um quilo de caudas. O "camarão na chapa com legumes" (R$ 66,00) idem, o que dá uns 15 indivíduos "pistola" por prato. Os sucos de frutas são vedetes, servidas em taças enormes, e a cerveja, gelada. O movimento é o de frequentadores da ilha e pede reservas para horários de pico.
Voltando ao norte chegamos ao centro, onde se abriga, encastelado no morro por trás da igreja, o discreto e refinado Maison Joly. No cardápio, o "salmão fresco marinado em fines herbes" (R$ 14,10) é digno de nota e ótima entrada para o "arroz selvagem com frutos do mar" (R$ 26,20).
Júnior Joly, o dono, diz ter preocupação especial com a leveza dos pratos, em respeito aos clientes com mais de 40 anos. Que podem, se bem acompanhados, fazer o jantar mais íntimo num dos simpáticos chalés logo acima. Em ambos os casos o panorama é maravilhoso. Vinho é a bebida da casa e a reserva, aconselhável.
Logo mais fica o Viana, decano dos restaurantes da ilha. Após 36 anos à frente da cozinha, Dona Lure Schoof conhece como ninguém o paladar do frequentador de Ilhabela. Tanto que chega a vender até 200 "casquinhas de camarão" (R$ 6,50) num único dia de verão.
Acha que litoral brasileiro se identifica com a comida ibérica e sugere "lombo de garoupa com camarão atolado em pirão da terra" (R$ 31,50), para variar do clássico peixe grelhado e ensopado. O ambiente rústico-marítimo com quiosque a beira-mar é democrático. De guaraná a caipirinha, vale tudo, desde que gelado.
Um pouco mais ao norte, a ilha vai ficando rústica e bucólica. Chega-se à Praia do Pinto. O recém-inaugurado Sítio Pontazeda oferece desde prato feito caiçara (peixe grelhado, arroz, feijão e salada; R$ 8,00) para o wind-surfista esfomeado até o "bife ancho com molho chimichury" (R$ 15,00), prato de origem argentina. O que nos lembra nossos vizinhos de continente, que não "arribaram" nesta temporada. Há dois meses, o local era de puro lazer familiar e o restaurante-pousada preserva este clima agradável.
Finalmente, funcionando só no jantar, o restaurante Princesa D'Oria, agora sob nova direção, de Tony "Bamerindus" Lopes. Talvez divertido como boate ou sala de shows, como restaurante não é sério.
Um cardápio que se diz "assinado por celebridades que frequentam a ilha" é uma coleção de obviedades como "frango com creme de milho" (R$ 15,00) e "badejo à meunierre" (R$ 15,00). Tem também gracinhas como "Luís Inácio 'à dorê' da Silva" (R$ 10,00). Peca também no serviço, que de amador beira o absurdo.
Eu queria robalo ou linguado, mas só tinha badejo. Comi grelhado, com creme de espinafre (R$ 15,00). O tempo de chapa foi correto mas a carne estava sem graça, com aroma apagado. A saladinha de entrada com agrião e kani desfiado (R$ 8,00) não era mais que uma saladinha.

ILHASUL: av. Riachuelo, 287, praia Feiticeira, tel. 0124/72-9426. MAISON JOLY: r. Antônio Lisboa Alves, 278, Centro, tel. 0124/72-1201. VIANA: av. Leonardo Reale, 1.560, praia do Viana, tel. 0124/72-1089. SÍTIO PONTAZEDA: av. Perimetral Norte, 4.309, Praia do Pinto, tel. 0194/72-1197. PRINCESA D'ORIA: r. prefeito Mariano Procópio de Araújo Carvalho, 117, Perequê, tel. 0194/72-8289

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