São Paulo, sábado, 17 de fevereiro de 1996
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Senadores competem para aparecer na TV

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A transmissão das sessões do Senado pelo canal 45 da NET (rede de TV por assinatura) em Brasília está tumultuando o plenário.
Os senadores estão disputando espaço na tribuna, e aumentou o número de apartes. Todos querem aparecer, mas aparecer bem. E reclamam quando são flagrados em poses inconvenientes.
A presidência do Senado recebeu pedidos de parlamentares para que a televisão não os mostre parados, inertes, fazendo brincadeiras ou caretas.
Segundo o diretor de Comunicação, Fernando César Mesquita, o objetivo é divulgar o trabalho do Senado e não há como censurar imagens transmitidas ao vivo.
"Essa TV não pode transformar o plenário em palco para simples exibicionismos", alerta a senadora Emília Fernandes (PTB-RS), 46, chamada pelos senadores de "musa do Senado".
Emília é testemunha de que a TV proporciona resposta imediata à atuação do senador. Na terça-feira, após a sessão de votação do projeto Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia), um telespectador telefonou para seu gabinete, elogiando seu discurso.
Naquele dia, acompanharam a sessão, pela TV, o presidente Fernando Henrique Cardoso e o ministro da Aeronáutica, Lélio Lôbo. Por se tratar de assunto polêmico, todos os senadores quiseram participar dos debates, prolongando a sessão até 21h.
Os líderes governistas se impacientaram e pediram aos senadores para abrir mão da palavra.
A TV paga do Senado está no ar apenas em Brasília, mas, a partir de março, transmitirá as sessões para todo o país.
Enquanto isso os senadores vão treinando seu desempenho no vídeo. Segundo a Mesa do Senado, há senadores disputando a tapa um lugar na lista de inscrição para fazer pronunciamentos.
O "horário nobre" é logo após a Ordem do Dia (período de votação), quando o parlamentar pode discursar por até 50 minutos. No início da sessão, os pronunciamentos são limitados a 20 minutos.
O aumento da procura por espaço na tribuna levou a Mesa a cumprir o artigo 17 do regimento, que determina rodízio entre os oradores, para disciplinar os discursos.
Pelo regimento, o mesmo senador só pode ocupar a tribuna mais de duas vezes por semana se não houver outro orador inscrito.
Essa regra não estava sendo seguida, e vários parlamentares reclamaram que não sobrava tempo para eles porque alguns de seus colegas não largavam o microfone.

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