São Paulo, sábado, 17 de fevereiro de 1996
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Minha atuação será independente, diz Marrey

DA REPORTAGEM LOCAL

Luiz Antonio Marrey, 40, chega ao cargo de procurador-geral de Justiça depois de se destacar como um dos principais líderes do grupo que sempre esteve na oposição dentro do Ministério Público.
Ironicamente, assumirá a função sob a mesma acusação que fez contra seus antecessores: falta de independência provocada pela excessiva proximidade com o Poder Executivo.
Marrey rebate a acusação e diz que seu passado é a garantia de que atuará de forma independente e apartidária.
A seguir, os principais trechos de entrevista dada ontem à Folha:

Não é constrangedor ser nomeado depois de perder a eleição por 219 votos?
Luiz Antonio Marrey - Não. Fui nomeado na forma prevista na Constituição e apresentei um projeto que é o melhor para o interesse da sociedade.
Folha - Mas não era uma conquista do Ministério Público a nomeação do mais votado?
Marrey - O que representou até hoje a nomeação do mais votado, se os procuradores-gerais mais votados se atrelaram aos governos anteriores?
Na passagem do governo Maluf para o governo Montoro, o grupo que estava no poder elaborou tal fórmula para se manter no poder com o uso da máquina.
Folha - A sua proximidade com pessoas que estão no governo e a sua nomeação apesar da derrota não comprometem sua independência?
Marrey - Absolutamente não. Eu tenho pregado, ao longo dos anos, o exercício independente do Ministério Público, e assim vai ser. Não tenho nenhuma ligação especial com qualquer partido ou com qualquer grupo político.
Folha - E o que garante que sua atuação será independente?
Marrey - O meu passado. Um passado de atuação independente como promotor. A mesma atuação independente vai continuar.
Folha - O ex-procurador-geral afirma que sua nomeação ameaça a independência do Ministério Público, já que o sr. passaria a dever um favor ao governador.
Marrey - O dr. Burle não tem a menor condição de falar nada de ninguém. Ele prestou um exercício de Ministério Público atrelado a administrações anteriores.
Folha - A que o sr. atribui a sua escolha pelo governador?
Marrey - Certamente porque Sua Excelência identificou na nossa proposta a melhor proposta para o interesse da sociedade.
Folha - E quais são seus planos para o cargo?
Marrey - Fazer uma Procuradoria Geral independente, apartidária, que analise todos os casos de maneira profissional. Uma Procuradoria Geral aberta à sociedade e comprometida com a defesa dos direitos da pessoa humana. Também vou priorizar os casos de dano ao patrimônio público.

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