São Paulo, sábado, 17 de fevereiro de 1996
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Desabrigados são cadastrados

FERNANDA DA ESCÓSSIA; RONI LIMA
DA SUCURSAL DO RIO

A presidente da Associação de Moradores da Comunidade Novo Horizonte, Estelina Vieira de Carvalho, 57, reclamava do descaso da prefeitura em relação aos desabrigados da Cidade Deus, em Jacarepaguá (zona oeste).
Segundo ela, 750 pessoas ficaram desabrigadas por causa do temporal, mas só ontem funcionários da Secretaria Municipal da Habitação começaram a cadastrar os moradores. Além disso, não havia alimentação suficiente.
A secretária do Desenvolvimento Social, Wanda Engel, disse que há um número muito grande de desabrigados na cidade -cerca de 6.000-, mas mesmo assim a alimentação necessária será fornecida pela prefeitura.
O secretário municipal da Habitação, Sérgio Magalhães, disse que irá promover uma reunião com as famílias desabrigadas da Cidade de Deus, para se decidir o seu destino. Segundo ele, já há algumas soluções pensadas.
Uma delas, seria um abrigo provisório em Jacarepaguá, que será construído em 15 dias. Depois, a secretaria começará a doar material de construção.
Ele calcula em 400 o número de famílias desabrigadas em todo o município, por causa das chuvas -a maior parte concentrada em Jacarepaguá. Segundo Magalhães, há 7.000 famílias vivendo em áreas de risco no Rio.
Ontem, na Cidade de Deus, boa parte dos desabrigados se aglomerava na escola municipal Alphonsus de Guimarães, aguardando o cadastramento. Pratos de arroz e macarrão eram oferecidos para os desabrigados.
A gritaria dentro do colégio era grande. Muitos tentavam furar a fila, tentando se cadastrar primeiro. Mães choravam, desesperadas. "Só Deus sabe o que vai ser da minha vida", dizia a faxineira Sonia José Homem dos Santos, 38. Abandonada pelo marido, com três filhos, ela não tinha idéia de onde iria morar.
(Fernanda da Escóssia e Roni Lima)

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