São Paulo, sábado, 17 de fevereiro de 1996
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Otan toma 'centro de terror' bósnio

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

As forças da Otan na Bósnia desbarataram o que elas chamaram de "campo de treinamento de terroristas" na região central do país. Os soldados prenderam oito bósnios muçulmanos e três iranianos.
O campo, num chalé para esqui 10 km ao sul de Fojnica, tinha salas de aula e um arsenal de explosivos, pistolas, rifles e munição.
Alguns dos explosivos encontrados estavam dentro de brinquedos para crianças, como carrinhos, helicópteros e uma casquinha de sorvete de plástico.
A Otan (a aliança militar ocidental) disse que havia indícios de que estudantes eram treinados a atacar civis e militares.
"Não é preciso ser um gênio para adivinhar que o que encontramos aqui é abominável", disse o comandante das tropas da Otan, o americano Leighton Smith.
"Isto é um campo de treinamento de terroristas e tem ligação com pessoas do governo." Segundo a Otan, o campo foi tomado sem que nenhum tiro fosse dado.
O governo bósnio (controlado pelos muçulmanos) afirmou que o local era uma escola de espionagem e que ela está sendo fechada.
Há uma foto do presidente bósnio, Alija Izetbegovic, numa das paredes do chalé. Na mesa de uma das salas de aula, está uma foto do líder da revolução islâmica iraniana, o aiatolá Khomeini.
Segundo um soldado da Otan, os oito bósnios presos recebiam aulas dos iranianos e eram empregados do Ministério do Interior.
O uso do terrorismo contraria normas internacionais, e a presença de estrangeiros em operação militar viola o acordo de paz entre as partes em conflito na região.
O governo bósnio prometeu retirar todos os "mujahidin" (guerrilheiros de outros países majoritariamente islâmicos que ajudam os bósnios) do país, mas estima-se que 2.000 continuam lá.
Em operação semelhante, tropas francesas da Otan cercaram um local de onde supostamente os sérvios atiraram contra ônibus em Sarajevo. Dois sérvios foram encontrados no local, levados para interrogatório e depois libertados.
As operações da Otan para garantir o acordo de paz de Dayton ocorrem na véspera de um encontro de cúpula entre os presidentes de Bósnia, Croácia e Sérvia.
O encontro, em Roma, foi pedido pelo negociador americano Richard Holbrooke, para que o compromisso com a paz seja renovado.
Holbrooke e o presidente Bill Clinton (EUA), por causa da paz na Bósnia, estão entre os mais de cem indicados para o Nobel da Paz, segundo membros do Instituto Nobel na Noruega.

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