São Paulo, sábado, 17 de fevereiro de 1996
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O custo da inércia

Em certas situações a moderação está associada à prudência. Em outras, a inércia pode causar danos terríveis. A extrema lentidão do governo na tão prometida queda das altíssimas taxas de juros está custando ao país centenas de milhões de reais ao mês. O arrocho creditício asfixiou o setor produtivo e agravou o desemprego.
Como observou esta semana o colunista Celso Pinto, a redução dos juros em fevereiro foi inferior à queda da inflação. Isso significa que o Banco Central permitiu, na prática, que o gasto real com o giro dos títulos públicos aumentasse ainda mais este mês.
É até defensável que os juros não estejam estritamente indexados a cada pequena variação dos preços e sejam administrados com perspectiva um pouco mais alongada.
Se a pequena variação dos preços em fevereiro fosse um caso absolutamente atípico, a resistência do BC à queda dos juros seria menos grave. Mas a recente queda dos índices é apenas mais um indício entre os vários que têm contribuído para previsões de inflação menor.
Desse modo, ao pagar juros de 2,3% em fevereiro -que significam um ganho real da ordem de 1,5% em apenas um mês- o BC não está apenas mantendo um exagero, mas agravando-o. O Banco Central argumenta que essas taxas tão elevadas são necessárias para que o mercado aceite emprestar ao governo. Mas vários e importantes agentes do mercado avaliam que os juros podem ser reduzidos sem causar qualquer intranquilidade ou fuga dos títulos públicos.

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