São Paulo, domingo, 18 de fevereiro de 1996
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Violência e poluição espantam americanos

DANIELA FALCÃO
DE NOVA YORK

As reportagens publicadas na imprensa dos EUA sobre violência e poluição nas praias do Rio de Janeiro são apontadas como principais responsáveis pela queda no número de norte-americanos que resolvem passar férias no Brasil.
Até o meio da década de 80, cerca de 180 mil americanos viajavam ao Brasil todos os anos, a maioria com destino ao Rio.
Hoje, a média de visitantes dos EUA caiu para 60 mil por ano. Outras localidades passam a ser mais procuradas, caso de Recife (PE), que já disputa com o Rio o título de capital predileta.
Segundo a maioria das agências de turismo de Nova York consultadas pela Folha, as notícias sobre chacinas e extermínio de menores criaram uma "antipatia" dos americanos em relação ao Brasil.
Agentes de turismo dizem que os problemas da divulgação de notícias negativas pela imprensa são agravados pelos relatos das experiências de turistas americanos que teriam sido vítimas de assaltos -e que comentam as más condições de limpeza e a poluição das praias.
As agências reclamam ainda que há pouco investimento do governo brasileiro na divulgação do turismo e atribuem o fato à crise financeira por que passa o país e que diminui a verba dos órgãos de turismo oficiais.
Outra queixa comum é de que as companhias aéreas não oferecem descontos de peso nas passagens para o Brasil.
Segundo Mark Shepard, diretor da agência Princely Travel, em Nova York, como os brasileiros costumam lotar os vôos para sair do país, as companhias aéreas têm lucro garantido na volta e não se interessam em oferecer descontos para atrair mais passageiros.
"Os vôos com saída dos EUA em que há mais descontos são os que vão para o Caribe e América Central. Justamente porque os moradores desses países não viajam tanto quanto os brasileiros", diz Shepard.
O Consulado do Brasil em Nova York costuma apoiar todos os eventos promovidos nos EUA que tenham como objetivo divulgar as potencialidades turísticas do Brasil.
Além disso, a Embaixada do Brasil tem um página na Internet (rede mundial de computadores) com informações gerais sobre o país.
Essas informações vão dos lugares mais interessantes de se visitar às temperaturas médias ao longo do ano e cidades mais importantes.
A atuação dos órgãos governamentais, no entanto, não tem sido suficiente para reverter o quadro.
Num país onde o Brasil é frequentemente confundido com a Argentina -e que já teve um presidente, Ronald Reagan, que elogiou a Bolívia em solo brasileiro-, as tentativas de divulgação positiva acabam naufragando diante das más notícias que saem na imprensa.

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