São Paulo, domingo, 18 de fevereiro de 1996
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BMW vai aderir ao programa automotivo

ARTHUR PEREIRA FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

A BMW decidiu aderir ao programa do governo de incentivos à indústria automobilística.
Segundo Michael Turwitt, presidente da BMW do Brasil, a empresa apresentará seus planos até junho. Até agora, apenas quatro montadoras tiveram seus projetos aprovados pelo governo: Fiat, Ford, GM e Mercedes-Benz.
Para aderir ao programa, a empresa precisa revelar seus objetivos no país: volume de investimentos, importações e exportações. E para exportar é preciso ter um projeto industrial no país.
Turwitt diz que, por enquanto, não há nada definido em relação à produção de carros no Brasil, mas a empresa pretende completar os estudos ainda no primeiro semestre.
"A BMW está aqui para ficar. Nós temos planos no Brasil e um passo natural é não apenas importar, mas também exportar", diz Turwitt.
Já está acertado que a BMW vai produzir motocicletas no país e dobrar a exportação de autopeças para a Alemanha.
A BMW vai investir cerca de US$ 20 milhões para montar 2.000 motos F-650 por ano em Manaus. Falta apenas definir a data do início da operação, que deve acontecer ainda este ano. Atualmente essas motos são importadas da Alemanha e custam US$ 18 mil.
A BMW alemã compra autopeças no mercado brasileiro desde 91. Os principais fornecedores são a Tupy Fundição (diferencial traseiro), Cofap (anéis do motor), Bachert (ferramentas) e Bosch (componentes elétricos).
No ano passado, essas exportações atingiram US$ 25 milhões. Para este ano, o objetivo é dobrar o volume e diversificar mercados.
As peças serão enviadas não apenas para a Alemanha, mas também para a fábrica da BMW nos EUA. Até o final de 98, a BMW brasileira espera estar exportando US$ 100 milhões.
A maior novidade a partir deste ano é que as exportações para a BMW serão feitas por intermédio da filial brasileira, a BMW do Brasil, criada em outubro para assumir os negócios da marca no país.
A estratégia faz parte dos planos da BMW de aderir ao plano de incentivos. Quando essa exportação de peças é feita via filial da BMW, esse valor passa a contar como um crédito de exportação para a montadora.
Resultado: a empresa aumenta a sua capacidade de importar. O plano de incentivos do governo estabelece que cada dólar importado precisa ser compensado com um dólar exportado. Mas a empresa ganha o direito de importar carros e insumos com imposto reduzido.
Segundo Turwitt, a BMW pretende aumentar o número de fornecedores brasileiros para as fábricas da montadora no exterior. "As autopeças brasileiras têm boa qualidade e são internacionalmente competitivas", diz.
Proteção
Apesar de já ter decidido aderir ao programa, Turwitt diz não estar convencido de que a legislação é boa para o Brasil.
Segundo ele, o Brasil é um país exportador. E para participar do mercado internacional, precisa praticar o livre comércio "dentro de suas fronteiras".
"Vamos agir dentro das regras, mas a BMW acredita em livre mercado". Segundo Turwitt, a política de compensar as importações com exportações serve como proteção à indústria já instalada.
Turwitt diz que a BMW veio ao Brasil por causa do potencial do mercado brasileiro. Segundo ele, acabou a era dos importadores independentes -empresas que representam a marca, mas não são subsidiárias da montadora.
Essas empresas, segundo ele, não tem condições financeiras de aguentar a competição.
Turwitt prevê um crescimento de 25% nas vendas da BMW em 95, em comparação com 95. Deve vender 4.000 unidades, contra as 3.000 de 95.
Isso apesar de pagar alíquota de 70%, pelo menos enquanto não tiver seu projeto de investimentos aprovado pelo governo. Nesse caso, a alíquota cai para 35%.
Mas para Turwitt, a redução da alíquota do Imposto de Importação não altera muito o preço do veículo. "Um carro que custa hoje US$ 50 mil, com 35% de imposto vai ficar apenas US$ 3 mil mais barato".

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