São Paulo, domingo, 18 de fevereiro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Seleção pré-olímpica desperta ceticismo

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

É claro que as entradas de Juninho, Roberto Carlos e Caio deverão conferir à nossa seleção pré-olímpica, que hoje estréia contra o Peru, mais contundência e engenho ao time que nos deixou apreensivos no amistoso contra a Bulgária.
Não sei se o suficiente para as circunstâncias, já que desconheço a força do adversário. Mas, se não vejo essa nossa seleção com brilhos de paixão, muito menos sucumbo ao pessimismo. Digamos, uma ponta de distante ceticismo.
Na maioria, trata-se de bons jogadores, uns poucos excepcionais, como Roberto Carlos e Sávio, uma dupla de área (qualquer que seja) que me causa arrepios e os demais num nível aceitável. Temo, sobretudo, pela ausência de uns dois curingas, já que o regulamento restringe a convocação a 20 jogadores, um absurdo para competição desse vulto. Teria, por exemplo, levado o zagueiro André Santos no lugar de Alexandre Lopes.
André, além de ótimo zagueiro, mais experiente do que todos os demais convocados, com exceção de Narciso, talvez, joga com igual desenvoltura seja na cabeça-de-área, seja na lateral-direita, onde temos apenas um especialista -Zé Maria. E arriscaria levar Amoroso no lugar de um dos meias reservas, já que o outro André, que os cariocas chamam de André Luís, poderia, numa necessidade suprir a meia-esquerda ou mesmo a cabeça-de-área. Sei bem que Amoroso está em fase de recuperação. Mas se trata de um jogador diferenciado lá na frente.
*
Por falar em Peru, vi outro dia pela TV sua seleção principal em ação. Ou, inação, melhor dizendo. Um horror. Já o adversário, uma surpresa: Rosenthal lança para Goldberg marcar. Como? Se era Israel? Não: Rosenthal e Goldberg é a dupla infernal de ataque do Chile.
Fiquei, então, tentando lembrar de algum jogador brasileiro de origem judaica, em vão, embora a comunidade por aqui seja poderosa e ligadíssima no futebol. Só me veio à memória uma lembrança da infância de um garoto vizinho no Brás: um meia de refinado estilo, promessa dos juvenis do Corinthians, que preferiu trocar a bola número cinco por uma pequenina, de feltro, para transformar-se no primeiro mito do tênis de mesa brasileiro, antes de Biriba, Cláudio Kano e Oyama. Seu nome: Jaques Roth.
*
Realmente, não foi um murro. Isto é, uma pancada com o punho fechado, como define o Aurélio e me transmitiu, no domingo, a câmera da Gazeta. Pela Globo, dizem, não vi, mas confio, a agressão de Edmundo no rosto de Sandro foi com a mão espalmada. De qualquer forma, trata-se de uma agressão injustificável. A mim pouco importa o que Edmundo faça fora do campo. A vida é dele. Dentro do campo, além de jogar um belo futebol, ele deve cumprir as regras. E pagar por descumpri-las.

Texto Anterior: Peruanos usam laterais nos contra-ataques
Próximo Texto: O drama recomeça
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.