São Paulo, domingo, 18 de fevereiro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Imigração cresceu 30% em 95

TAD SZULC
DO "INTERNATIONAL PRESS SYNDICATE"

No ano passado, a imigração ilegal pela fronteira sul dos Estados Unidos aumentou 30% em relação a 1994, por causa da depressão econômica mexicana e o resultante desemprego maciço.
O governo prevê para este ano aumento de 20% em relação a 1995, com o crescimento do desemprego no México e o cada vez maior desespero de camponeses, favelados e até mesmo da classe média, à procura de empregos.
Sempre houve uma imigração ilegal em grande escala do México aos EUA, mas em 1995 a Patrulha de Fronteira do Serviço de Imigração e Naturalização fez um recorde de 1,4 milhão de detenções, enviando os candidatos a imigrantes de volta ao México.
O número real de pessoas detidas (90% mexicanas e o restante centro-americanas) foi de aproximadamente 750 mil, porque cada uma havia tentado pelo menos duas vezes no ano burlar as medidas cada vez mais eficientes tomadas pela Patrulha de Fronteira para impedir sua travessia.
Mesmo assim, cerca de 300 mil imigrantes ilegais conseguem entrar em território americano anualmente, vindos do México, embora mais ou menos 200 mil sejam trabalhadores sazonais, que retornam voluntariamente ao México depois de ganhar algum dinheiro.
Mas pelo menos 100 mil imigrantes mexicanos por ano conseguem permanecer nos Estados Unidos ilegalmente.
Acredita-se que existam entre 4 milhões e 4,5 milhões de imigrantes ilegais no país -vindos do mundo inteiro, até da China-, um aumento considerável em relação aos 3,2 milhões de 1992.
Um fato novo e importante é que mais e mais mexicanos de classe média e instruídos já não conseguem ganhar a vida em seu próprio país, permanecem nos EUA depois da expiração de seus vistos e tornam-se ilegais.
Outro fato preocupante, segundo as autoridades, é que a imigração ilegal transformou-se num grande negócio para o crime organizado mexicano.
Um alto funcionário do governo observa que "a imigração ilegal está se transformando em quadrilhas organizadas de contrabando, como a própria economia mexicana está sendo vinculada à economia das drogas, e essa é uma influência sobre o dia-a-dia".
Apesar dos compromissos oficiais nesse sentido reiterados pela Cidade do México, a Patrulha de Fronteira americana não recebe cooperação suficiente dos policiais mexicanos, os "federales". O que se supõe em Washington é que muitos deles, também, tenham sido subornados e corrompidos.
Mas os problemas não podem ser resolvidos na fronteira. O professor de sociologia Bob Bach, comissário assistente de política e planejamento do Serviço de Imigração, diz que a força motriz do fluxo migratório em sentido norte é o desemprego e que "para resolver o problema da imigração ilegal mexicana aos EUA é preciso começar pela economia".
(TS)

Texto Anterior: EUA temem atestar México sobre drogas
Próximo Texto: País ainda vive caos econômico
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.