São Paulo, domingo, 18 de fevereiro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Só se pensa naquilo

FERNANDO RODRIGUES

BRASÍLIA - Não há assunto mais envolvente na capital da República que não seja a reeleição.
Só se fala nisso em qualquer conversa de bastidor. Podem haver ilações sobre Previdência, reforma administrativa etc. Mas sempre há espaço e tempo para especular sobre reeleição.
A Constituição atual proíbe a reeleição de ocupantes de cargos executivos -prefeitos, governadores e presidente. Está em tramitação uma emenda que propõe mudar essa regra.
A grande dúvida é sobre as reais intenções do presidente da República. Para consumo externo, FHC diz que não vai se posicionar.
Quem tem intimidade com o presidente sabe que há muito de jogo de cena nessa atitude. Cheio de pruridos politicamente corretos, FHC acha que não pega bem ele defender uma tese da qual poderia ser, eventualmente, o maior beneficiário.
Como não poderia deixar de ser, a reeleição foi o tema principal de um jantar, semana passada, entre Jorge Bornhausen, presidente do PFL, e Paulo Maluf, prefeito de São Paulo e figura mais conhecida de seu partido, o PPB (ex-PPR, ex-PDS e ex-Arena).
Aliados do presidente, Bornhausen e Maluf meditaram sobre o posicionamento de FHC. Foi um jantar quase seco. Consumiram apenas parcialmente uma garrafa de vinho tinto francês, safra de 61.
Mas Bornhausen e Maluf concluíram que FHC tem um prazo dado para se engajar na campanha da reeleição: março. É nesse mês que deve ser instalada a comissão especial na Câmara dos Deputados para analisar o assunto.
FHC sabe que terá de se posicionar publicamente, e de uma forma mais clara, sobre reeleição quando o assunto tramitar para valer no Congresso.
Pelos cálculos dos governistas, a comissão especial deve ser instalada na primeira quinzena de março. É quando FHC estará indo para o Japão, numa viagem que vai durar nove dias.
Se quiser, o presidente pode dar uma declaração sobre reeleição longe de casa. É uma estratégia que ele já usou para outros assuntos polêmicos. E pode ser repetida em Tóquio.

Texto Anterior: A morte lenta da política
Próximo Texto: Os guizos falsos da alegria
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.