São Paulo, domingo, 18 de fevereiro de 1996
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Multishow investe em produção nacional

MARIANA SCALZO
DA REPORTAGEM LOCAL

O canal de TV paga Multishow aposta na produção nacional e abre espaço para a parceria com o cinema brasileiro. E vai produzir, junto com Cacá Diegues, mais sete episódios da série de curtas "Veja Esta Canção".
"No Brasil, existe uma dissociação entre cinema e televisão, que não pode acontecer. O novo cinema inglês, com Stephen Freas, o espanhol, com Almodóvar, são ligados à TV", explica Wilson Cunha, 54, diretor do canal.
Segundo ele, "o Multishow está trilhando o caminho de ser a voz e a cara do Brasil no mercado da TV paga."
Para o diretor, a única forma de enfrentar a "invasão aérea" -dos canais estrangeiros- é exibir programação nacional.
Outro projeto é a recuperação de filmes brasileiros. "Estamos lutando para salvar os negativos de 'Leila Diniz', de Luis Carlos Lacerda", conta.
Segundo Cunha, o investimento no trabalho de recuperação é equivalente à compra de 20 horas de programação. "Mas vale a pena, é fascinante resgatar a cultura do país."
A partir de abril, o Multishow vai exibir um pacote de filmes nacionais, entre eles "A Dama do Cine Shangai", "Perfume de Gardênia" e "A Hora da Estrela".
Ainda este ano, o Multishow deve colocar no ar a série "6 x Nelson Rodrigues", adaptações das crônicas "A Vida Como Ela É". O primeiro episódio, "O Primeiro Pecado", já está pronto.
A minissérie "Olga", adaptada do livro homônimo de Fernando Morais e estrelada por Patrícia Pillar, também tem espaço garantido na programação do canal.
Cunha quer dar espaço para o humor nacional. "Vamos criar o concurso do bom-humor brasileiro."
"Seria como os velhos concursos de miss. Cada estado teria um representante na grande final", descreve.
Cada programa funcionaria como um piloto para "A Comédia Está em Pé" (em inglês, "Stand-Up Comedy", uma ironia sobre as péssimas traduções), prevista para entrar na programação em 1997.
"Quero despertar o Mr. Bean que existe nas pessoas. Sei que existem coisas fantásticas no país. Tem de ter espaço para isso. Tem de ser alternativo, testar novas fórmulas", completa.

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