São Paulo, segunda-feira, 19 de fevereiro de 1996
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Quem não invade paga multa

GEORGE ALONSO
DO ENVIADO ESPECIAL AO PONTAL

A família que não participa de ocupação de terra é obrigada a pagar multa no Pontal. Em dia de invasão, é feita uma chamada de presença. Se a família falta ou não envia pelo menos um representante, é cobrada uma "diária".
Diária (R$ 6) também é como os lavradores chamam o pagamento por trabalho de terceiros (outro sem-terra) em lotes provisórios.
São dois os critérios do MST para privilegiar famílias na hora da receber lotes: 1) viver em cima da terra e plantar; 2) a participação na luta -controlada pelos militantes.
Os três primeiros dias de uma invasão são considerados os mais importantes. O MST defende invasões em massa para dificultar o despejo. A questão é polêmica. Mesmo entre assentados dissidentes há quem defenda a multa.
"Não sou contra. Ninguém pode ganhar lote sem lutar", diz Antonio Balbino da Silva, 60. "Mas tem gente com cinco filhos, passando fome. Esse dinheiro faz falta", diz Joaquim Rodrigues, 37.
"Eles (o MST) só pensam em dinheiro", critica Eldo José da Silva, 33, outro assentado. "É uma injustiça com o MST. Isso foi discutido. É o modo de as pessoas não levarem a luta na barriga", diz Afonso do Nascimento, que pagou Cr$ 54,00 em junho de 1994 (nove diárias).
(GA)

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