São Paulo, segunda-feira, 19 de fevereiro de 1996
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Agência esquece homem nas compras

CÉLIA DE GOUVÊA FRANCO
DA REPORTAGEM LOCAL

É cada vez maior o número de homens que faz compras em supermercados para atender às necessidades da família. São eles, assim, que decidem que marca de sabão em pó ou quais as frutas a serem compradas.
Apesar disso, a grande maioria das campanhas publicitárias dos produtos de consumo doméstico é dirigida a mulheres.
E, mais, para as mulheres que são donas de casa, sem prestar muita atenção naquelas que trabalham fora de casa.
Ainda são raros os casos de anúncios de itens de uso em casa que procuram atrair os homens e as mulheres que trabalham fora.
No Brasil, não existem dados sobre quem faz as compras domésticas. Mas a impressão de publicitários e dirigentes do setor de varejo é que os homens estão frequentando cada vez mais os supermercados.
Sabe-se com certeza que cresce em ritmo acelerado o número de mulheres que trabalham fora de casa no país.
Os dados da Fundação Seade, um instituto de pesquisa ligado ao governo paulista, mostram que cresceu bastante nos últimos anos o número de famílias onde as mulheres são as principais responsáveis por pagar as contas.
Em 1990, 17,3% das famílias eram chefiadas por mulheres no Estado de São Paulo. Em 1994, essa parcela havia crescido para 19,6%, segundo o Seade.
Muitas dessas mulheres são sozinhas, mas quando são casadas procuram dividir com o homem da casa as tarefas domésticas.
Pesquisas internacionais mostram que uma das tarefas que os homens aceitam fazer, na divisão dos deveres domésticos, é exatamente ir às compras.
No Reino Unido, uma pesquisa feita pelo grupo Lowe (a 14ª maior rede de agências de publicidade do mundo) mostra que 35% dos homens são responsáveis por pelo menos metade das compras de produtos domésticos.
O levantamento feito pela Lowe mostra um perfil curioso dos homens enquanto consumidores de alimentos e produtos de higiene e limpeza.
Eles tendem a gastar mais do que as mulheres, gostam de experimentar novos produtos e compram menos produtos considerados saudáveis.
A maioria deles não leva para o supermercado uma lista do que precisam comprar, como fazem muitas mulheres.
Essas constatações também são feitas, ainda que de forma muito mais informal, no Brasil.
Sem pesquisas
Consultados pela Folha, dirigentes de alguns dos principais supermercados do país informaram que gerentes de lojas são unânimes em concordar que está aumentando o número de homens que compram. Mas os supermercados não dispõem de pesquisas sobre o assunto.
Uma rede de supermercados de porte médio informou, por sua vez, que uma pesquisa recente feita nas suas lojas mostrou que nos finais de tarde, início da noite e aos sábados cerca de 40% dos consumidores que passam por seus caixas são do sexo masculino.
A empresa informa que não dispõe de pesquisas anteriores que possam servir como base de comparação.
Um indício seguro, no entanto, de que as empresas de varejo estão constatando um maior número de homens em suas lojas é a tendência recente de aumentar em muito as áreas de vendas dedicadas a produtos normalmente comprados por homens, como ferramentas e itens para automóveis.
Tanto as lojas do Wal-Mart quanto as do Carrefour, por exemplo, contêm largas áreas com esses tipos de produtos, um exemplo que começa a ser seguido por outras cadeias de supermercados.

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