São Paulo, segunda-feira, 19 de fevereiro de 1996
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Uma caixa menos preta

Caixas-pretas: assim são conhecidas as instituições públicas brasileiras, especialmente as financeiras, a começar pelo Banco Central. Presas frequentes de manobras contábeis, de interesses políticos e eleitoreiros, do corporativismo e mesmo de relações muitas vezes obscuras com agentes do mercado, os chamados "bancos oficiais" primam pela falta de transparência.
O combate a esse mal terá sucesso apenas à medida que vingue no país uma vocação desestatizante autêntica e firme. Infelizmente, entretanto, em especial no que toca aos bancos públicos, as resistências têm falado mais alto.
Mas o mal pode ser menor, enquanto a economia convive com essas caixas-pretas, se se forçar sua abertura, jogando sobre os gabinetes oficiais a luz da fiscalização permanente da opinião pública e dos vários setores sociais.
Uma iniciativa nessa direção, da democratização da gestão de recursos públicos, foi a nomeação de importantes lideranças sindicais para o Conselho de Administração do BNDES, o maior banco de desenvolvimento do país e que opera exatamente com recursos recolhidos pelos trabalhadores.
Parece um detalhe menor, que certamente passou despercebido na barafunda dos debates e negociações sobre a reforma da Previdência e sobre a proposta de um contrato flexível de trabalho.
Mas a participação de representantes sindicais, aliás de centrais antagônicas (CUT e Força Sindical), numa das mesas de uma das caixas-pretas, é muito positiva.

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