São Paulo, terça-feira, 20 de fevereiro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Econômico é acusado de usar banco estadual

CARI RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco Econômico pode ter usado o Banco de Estado da Bahia, estadual, para fazer empréstimos irregulares a empresas coligadas do grupo.
Como o banco de Angelo Calmon de Sá não podia emprestar direto às coligadas, o Econômico teria feito aplicações financeiras no banco estadual que, no mesmo dia, repassava o falso empréstimo à Econômico S/A Empreendimentos -segundo o Banco Central.
O Banco do Estado da Bahia é suspeito de estar envolvido em cinco operações consideradas irregulares pelo Banco Central com o Econômico e a empresa coligada no valor de US$ 19,520 milhões.
A Folha apurou que as operações constam da queixa-crime enviada pelo BC, na semana passada, ao Ministério Público.
As operações foram autorizados no período de abril de 1991 a novembro de 1992. Nessa época, o governador da Bahia era Antônio Carlos Magalhães (PFL), hoje senador.
A Lei do Colarinho Branco, que prevê as punições contra o sistema financeiro, proíbe operações entre empresas coligadas.
O Econômico detém 72,22% do capital da Econômico S/A Empreendimentos -empresa não-financeira do banco e que é sua maior devedora com um débito de R$ 419 milhões.
O Ministério Público está agora investigando os autores das autorizações das operações financeiras entre o Econômico e o Banco do Estado da Bahia -os contratos para fechar os empréstimos estão assinados por gerentes de agências ou funcionários subalternos.
É consenso no BC que um gerente não tem autonomia para autorizar um empréstimo alto.
A Lei do Colarinho Branco diz que estão sujeitos a punições os controladores e os administradores das instituições, mesmo que não tenham assinado nada.
Os controladores e administradores do Banco do Estado da Bahia podem ser responsabilizados como co-autores na prestação de empréstimos irregulares.
O BC considera muita coincidência que o mesmo valor aplicado pelo Econômico no banco estatal baiano tenha sido emprestado no mesmo dia para a coligada.
A Econômico S/A Empreendimentos seria, segundo as investigações feitas até o momento pelo BC, o caixa único de todas as empresas não-financeiras do Banco Econômico.
O BC decretou a intervenção na Econômico S/A há duas semanas -foram constatados cinco empréstimos irregulares com o banco.
Podem surgir mais irregularidades entre o Econômico e a coligada porque a comissão de inquérito continua investigando a empresa não-financeira do banco.
O BC suspeita que a quebra do Econômico pode ter começado com empréstimos irregulares concedidos a empresas não-financeiras do grupo.
Até agora, o Ministério Público recebeu 182 denúncias-crime cometidas pelo Econômico no valor de US$ 489,52 milhões.

Texto Anterior: Radiobrás desautoriza diretor a fazer censura
Próximo Texto: Advogado nega irregularidade
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.