São Paulo, quinta-feira, 22 de fevereiro de 1996
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Sarney diz que críticas de FHC 'não ajudam' o país

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), disse ontem que as críticas ao Congresso feitas anteontem no México pelo presidente Fernando Henrique Cardoso não ajudam a imagem do Brasil que o próprio FHC quer divulgar no exterior.
"Temos defeitos e sabemos que precisamos melhorar, mas essas críticas não ajudam", disse o presidente do Congresso.
FHC atacou o comportamento dos políticos que, segundo ele, seriam orientados pelos lobbies.
O presidente criticou também a estrutura partidária brasileira. "Não são partidos; são interesses que se agrupam e se fragmentam em interesses da sociedade", classificou FHC.
Sarney insistiu em que o melhor lugar para fazer críticas ao Congresso é dentro do próprio país, e não no exterior. E completou: "Se nós temos defeitos, o Congresso mexicano não é melhor."
O líder do PMDB na Câmara, Michel Temer (SP), minimizou o impacto das críticas do presidente.
O deputado considerou natural a existência de lobbies dentro do Congresso.
"A nação é assim mesmo, composta de alguns setores que se manifestam não pelos partidos, mas por grupos, que se elegem para defender alguns setores", disse o líder do PMDB.
Temer não viu nas declarações do presidente nenhuma crítica aos partidos brasileiros e concordou em que o número de partidos do país é excessivo. Para ele, se o número de partidos for reduzido, as forças ficarão mais concentradas.
A deputada Yeda Crusius (PSDB-RS), que fez parte da comitiva do governo brasileiro na viagem ao México, disse que não se sentia atingida pela crítica e que se identifica com "o trabalho de valorização dos partidos".
Em sua crítica, o presidente disse que a ação dos lobbies fragiliza os partidos.
Volta
É de olho na própria imagem que o Congresso Nacional volta a trabalhar depois do Carnaval.
Embora haja sessão marcada para hoje, o retorno da maioria dos congressistas a Brasília só deve ocorrer na próxima semana.
O presidente da Câmara, Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), está preocupado com o desgaste da imagem do Congresso provocado pela resistência de parlamentares em acabar com o IPC (Instituto de Previdência dos Congressistas).
Na quarta-feira, a Câmara submeterá a discussão pública a mudança no sistema de aposentadoria dos parlamentares, um dia depois de debater a reforma da Previdência Social.

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