São Paulo, quinta-feira, 22 de fevereiro de 1996
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Elites são o alvo preferido

DA REDAÇÃO

As "elites" constituem, há muito tempo, o alvo preferido dos presidentes. Em agosto de 1987, após o fracasso do Plano Cruzado, o próprio José Sarney já atacava as elites: "O povo brasileiro é muito melhor do que suas elites."
Em maio de 1994, ao perder a prévia que indicou o candidato do PMDB à Presidência, Sarney voltou a criticá-las: "A elite me odeia. Ela queria que, como presidente, eu mandasse matar, prendesse, acabasse com greves à força. A elite é preconceituosa. Ironizava o fato de eu ser um presidente nordestino, de hábitos humildes, voltado para a família."
Mas o presidente que mais censurou as elites foi Fernando Collor de Mello. Começaram a ser atacadas por Collor antes mesmo de tomar posse. "A elite brasileira só se aproveitou do chamado milagre dos anos 70 para enriquecer ainda mais", declarou.
"O preço do meu programa econômico será pago pelas elites, que já ganharam muito", disse ele em fevereiro de 1990. Esses ataques prosseguiram durante o restante do seu mandato.
Seu sucessor, Itamar Franco, também acusou as elites "alienadas". Ao lançar um plano de governo, em junho de 1993, disse: "Podem imaginar os srs. como se sentem os chefes de Estado e de governo quando se confrontam com as elites empresariais alienadas, sem compromisso com o povo, a nação e a história. Elas sempre julgam fraco o presidente que, fiel à democracia, não usa a força em benefício dos mais fortes."
Antes mesmo de ser eleito, o atual presidente, Fernando Henrique Cardoso, já criticava as elites. Em janeiro de 1994, ao ser informado de que alguns setores estavam reajustando seus preços, ele afirmou: "Elite estúpida... Desse jeito, eles estão querendo é um congelamento de preços."
Mas as críticas às elites não partem apenas dos presidentes. Em novembro de 1986, o governador eleito, Orestes Quércia, dizia: "Somos políticos que as elites não aceitam." E Lula também as criticou pelo atraso do país: "Esse cara (Paulo Maluf) representa a elite que levou este país ao fracasso e à corrupção".

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