São Paulo, quinta-feira, 22 de fevereiro de 1996
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Cavallo diz que empresário quer matá-lo

DENISE CHRISPIM MARIN
DE BUENOS AIRES

O ministro da Economia da Argentina, Domingo Cavallo, declarou ontem que suspeita que o empresário Alfredo Yabran pretende matá-lo.
"Se isso ocorrer, a sociedade vai conhecer toda a verdade", afirmou o ministro.
Ele acrescentou que Yabran é "poderoso" e que, por meio de lobbies nacionais e internacionais, tenta destruí-lo permanentemente.
Em agosto de 95, Cavallo apresentou uma denúncia na televisão contra o empresário, a quem chamou de "mafioso". Dias depois, confirmou suas acusações no Congresso Nacional.
A denúncia, na época, provocou um escândalo que quase custou a renúncia de Cavallo.
O ministro afirmava que Yabran estaria interessado em formar um cartel no setor de correios, ao impedir a entrada de concorrentes -inclusive, conforme Cavallo, ameaçando-os de morte.
Yabran controla várias concessionárias de serviços de correio na Argentina, entre as quais a Oca (Organização Coordenadora Argentina). Também é amigo pessoal do presidente Carlos Menem.
Com suas declarações, Cavallo rompeu o perfil discreto que havia assumido há cinco meses. Também retomou sua estratégia de defender-se atacando.
Isso porque o ministro endereçou seus ataques também ao ex-deputado Enrique Benedetti -o mesmo que o denunciou à Justiça, sob as acusações de enriquecimento ilícito e sonegação de impostos.
Cavallo afirmou que Benedetti é um "agente das máfias utilizadas por Yabran" e acusou o ex-deputado de ter entregue sua declaração de impostos a jornalistas.
O ministro também criticou o juiz federal Claudio Bonavido, por ter solicitado aos governos do Uruguai e dos Estados Unidos informações sobre propriedades de Cavallo nesses países.
Outro lado
Pablo Molina, advogado de Alfredo Yabran, afirmou que as declarações de Cavallo provocaram dois efeitos nele -uma gargalhada e uma surpresa.
"Cada vez que a economia vai mal, cada vez que há um problema, Cavallo coloca a culpa no senhor Yabran ou nesse ex-deputado", afirmou Molina.
"Isso é muito grave e creio que o senhor presidente deve fazer uma revisão dos méritos de Cavallo", acrescentou o advogado.

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