São Paulo, quinta-feira, 22 de fevereiro de 1996
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EUA recorrem contra o Brasil na OMC

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA; DA REDAÇÃO; DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Norte-americanos se recusam a importar gasolina brasileira e venezuelana, sob alegação de 'motivos ambientais'
Os Estados Unidos entraram ontem com um recurso junto à OMC (Organização Mundial de Comércio), entidade que regula o comércio internacional, contra decisão que favorece Brasil e Venezuela na área de comercialização de gasolina.
O recurso pede a anulação da decisão tomada pela OMC de liberar, nos Estados Unidos, a comercialização de gasolina venezuelana e brasileira.
Os norte-americanos restringiram a comercialização do produto alegando motivos ambientais.
A OMC condenou a posição dos EUA neste ano e obrigou o país a comprar gasolina produzida pelo Brasil e pela Venezuela.
Será o primeiro recurso a ser julgado pelo Tribunal de Apelações da OMC, constituído no final do ano passado.
Se os EUA forem condenados novamente, o país deverá modificar suas regras de importação de combustíveis no prazo máximo de 18 meses.
Caso os EUA sejam absolvidos, a OMC poderá autorizar Brasil e Venezuela a adotarem medidas restritivas contra produtos norte-americanos.
A Folha apurou que o Ministério das Relações Exteriores esperava a atitude dos Estados Unidos, mas não acredita que o Brasil irá perder a ação.
Para ser aceito, o recurso norte-americano precisará ser aprovado por unanimidade no tribunal da organização.
A decisão do Tribunal de Apelações da OMC, sediado em Genebra (Suíça), é aguarda com expectativa no mercado de comércio exterior, já que será a primeira vez em que se colocarão à prova os procedimentos de resolução de conflitos da entidade.
O tribunal, composto por especialistas em comércio exterior de vários países, deverá anunciar a decisão sobre o caso no prazo de três meses.
Carros
A OMC havia vetado em outubro passado a política do governo brasileiro para o setor automobilístico, que criava o sistema de cotas para importação.
Neste ano, o governo reapresentou o seu projeto, com a eliminação do sistema de cotas, mas o resultado junto à OMC não foi nada animador.
Os delegados do Japão e Coréia do Sul voltaram a condenar a proposta, por considerar que ela violava aos princípios da OMC.
Histórico
A OMC foi criada no início do ano passado, para funcionar como uma espécie de xerife do comércio internacional de bens e serviços.
A entidade substituiu o Gatt (sigla em inglês para Acordo Geral de Tarifas e Comércio).
Um dos objetivos da criação da OMC era evitar a concentração das decisões sobre comércio internacional entre três grandes blocos -Estados Unidos, União Européia e Japão.
A organização adotou, para isso, um foro multilateral, ao qual qualquer um de seus 125 países-membros pode recorrer para resolver pendências.

Com a Redação e agências internacionais

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