São Paulo, quinta-feira, 22 de fevereiro de 1996 |
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O macaco da Pepsi A atitude do presidente do Ibama, Raul Jungman, de recorrer à Justiça para tentar proibir a difusão da campanha publicitária da Pepsi-Cola que utiliza macacos é, na verdade, apenas uma tentativa de restabelecer a censura. Se há crueldade em beber um pouco de refrigerante, seres humanos, que até prova em contrário também são animais, deveriam igualmente e por razões mais fortes estar proibidos de fazê-lo. Parece também de difícil compreensão o argumento de Jungman de que comerciais como o da Pepsi "legalizam" a idéia de que o homem tudo pode contra a natureza. Para além do simples fato de que o homem realmente pode fazer muito contra a natureza, o comercial apenas explora de forma bem-humorada a oposição entre civilização e estado de natureza. Tanto é assim que o rigoroso Conar ignorou os apelos do Ibama. De resto, proibir indiscriminadamente o uso de animais em peças publicitárias pode até ser contraproducente para a causa preservacionista. Na era do politicamente correto, poucos publicitários ousariam fazer um comercial defendendo, por exemplo, a extinção das baleias. Mas tendem a fazer justamente o contrário. A defesa do meio ambiente no Brasil é uma tarefa bastante ingrata e com milhares de problemas. Certamente Jungman tem coisas mais importantes a fazer do que perder tempo com o macaco da Pepsi que, de resto, nem mesmo é brasileiro. Texto Anterior: Violência carnavalesca Próximo Texto: Da utilidade dos sociólogos Índice |
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