São Paulo, sexta-feira, 23 de fevereiro de 1996
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Governo e usineiros tentam acertar contas

MÁRCIO DE MORAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo estuda a realização de um encontro de contas com os usineiros de álcool para eliminar R$ 2 bilhões do estoque de dívidas do setor, informou ontem o senador Joel Holanda (PFL-PE).
Ocupando no Senado a vaga aberta por Marco Maciel (PFL-PE) -licenciado para exercer o cargo de vice-presidente-, Holanda disse também que os usineiros reclamam perdas de 50% nos preços do álcool, acumuladas desde o final da década de 80.
O setor sucro-alcooleiro deve aos cofres públicos, segundo documento preparado pelo Banco do Brasil, um total de R$ 4,4 bilhões.
A Folha apurou, no entanto, que os próprios usineiros admitem ter uma dívida de aproximadamente R$ 6 bilhões.
O governo já destinou cerca de R$ 10 bilhões ao programa do álcool desde os seus primórdios, em 1974. O lançamento do carro movido a álcool foi em 1978.
Os R$ 2 bilhões reclamados pelos usineiros referem-se, segundo Holanda, ao não-pagamento de preços atualizados pelo álcool combustível desde 1989.
Nesse ano, houve um acerto entre os usineiros e o governo baseado em sentença judicial obtida pelos produtores contra o então ministro da Fazenda, Maílson da Nóbrega. Pelo acerto, os preços do combustível deveriam ser corrigidos por índices da Fundação Getúlio Vargas.
"O governo nunca cumpriu", observa o parlamentar. Hoje, essa defasagem estaria em 50%, pelos cálculos dos usineiros.
Holanda integra a "Frente Parlamentar Sucro-Alcooleira", que negocia com a equipe econômica e os ministros Dorothea Werneck (Indústria, Comércio e Turismo) e Raimundo Brito (Minas e Energia) medidas para recriar o programa.
O dinheiro do Proálcool bancou a construção e modernização de usinas, lavouras de cana-de-açúcar, pesquisas para desenvolvimento de carros a álcool e de espécies precoces de cana-de-açúcar, entre outras ações oficiais.
Hoje, um ano e meio após o plantio, é possível colher a cana para esmagamento e fabricação de açúcar e de álcool. "Não é como o petróleo, cujas reservas brasileiras devem acabar dentro de 50 anos!", exclamou Holanda.
O objetivo central dos ministros, no momento, é preparar o pacote até a próxima semana, pois o Palácio do Planalto quer fazer do relançamento do Proálcool um grande acontecimento em favor do pleno emprego.

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