São Paulo, domingo, 25 de fevereiro de 1996
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Carnaval de São Paulo registrou 219 assassinatos

PLÍNIO FRAGA
DA REDAÇÃO

Em vez de cinzas, a quarta-feira passada foi de luto para os familiares dos 219 mortos no Carnaval do Estado de São Paulo. Houve 18,18% mais mortes que em 95.
Para grande parte dos paulistas, a cidade do Rio está diretamente associada à violência. Pois lá, matou-se menos neste Carnaval: uma morte para cada 179.908 habitantes, contra uma morte para cada 93.689 paulistanos.
O governo de São Paulo tentou ser ágil na resposta ao aumento da violência. Anunciou campanha para trocar armas por cesta básica. É pouco para quem não consegue sequer pistas de pelo menos 81 dos assassinatos -rubricados como de "autoria desconhecida".
É uma proposta que tem de simpática tanto quanto tem de ingênua. Uma cesta básica está na faixa de R$ 100. Um revólver calibre 38, o mais comum, custa em média R$ 250.
Por uma questão de sobrevivência -esta a palavra-chave para a lógica do comportamento dos moradores das áreas periféricas- é fácil imaginar a opção entre o grandioso gesto de entregar uma arma às autoridades, por assim dizer, competentes e aquele de tentar obter lucro num mercado pouco reprimido e em ascensão.
Ação tão tímida para tantas mortes mostra que os homens do Estado talvez tenham levado a sério demais o velho refrão do Carnaval que diz que é para tudo se acabar na quarta-feira.
Mas como show, o Carnaval não pôde mesmo parar. No desfile das escolas de samba de São Paulo, a campeã foi a Vai-Vai. A surpresa foi o rebaixamento da Camisa Verde e Branca. No Rio, venceu a Mocidade Independente, que desbancou o "Carnaval de resultados" da sempre competente Imperatriz Leopoldinense.

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