São Paulo, domingo, 25 de fevereiro de 1996
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Gasto da Justiça com pessoal é de R$ 2,80 bi

Em 95, folha do Executivo consumiu R$ 33,46 bilhões

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As despesas com os salários, pensões e aposentadorias dos funcionários do Poder Judiciário aumentaram 358,6% em termos reais -descontada a inflação- de 1987 até o ano passado.
Esse dado aparece em um estudo sobre os salários dos servidores públicos obtido pela Folha. Preparado pela área econômica do governo, as tabelas trazem uma evolução dos gastos com pessoal.
Os salários dos funcionários do Judiciário consumiam, em 1987, o equivalente hoje a R$ 609,4 milhões. O valor pulou para R$ 2,795 bilhões no ano passado.
Esses números não significam, entretanto, que esses salários, em média, aumentaram 358,6% reais de 87 até 95. Aumentou, também, o número de servidores, que não está registrado neste estudo.
Os controles sobre a quantia exata de funcionários têm sido uma das preocupações do ministro da Administração Federal, Luiz Carlos Bresser Pereira.
Só em meados do ano passado foi possível começar a acompanhar com exatidão quantos funcionários públicos existem no Brasil.
Já o valor dos salários pagos é um número mais fácil de resgatar, pois basta procurar as execuções orçamentárias dos anos anteriores e fazer a atualização monetária.
No estudo obtido pela Folha, os gastos com funcionários do Executivo, na ativa e aposentados, foram os que menos aumentaram em termos reais. O valor pulou de R$ 14,515 bilhões em 87 para R$ 33,457 bilhões no ano passado.
O aumento real de gastos com os salários no Executivo foi de 130,5% de 87 a 95. Pertencem ao Executivo todos os servidores da burocracia federal, inclusive os funcionários das empresas estatais.
No Poder Legislativo, o aumento real com despesa de pessoal ficou um pouco acima do Executivo: 130,9% de 87 a 95.
Os salários do Legislativo consumiam R$ 535,7 milhões em 87. No ano passado, o valor pulou para R$ 1,237 bilhão.
Um dos dados considerados alarmantes pela equipe econômica do governo é a evolução dos gastos com servidores inativos. Em 1987, os gastos com inativos representavam 23,2% do total das despesas com pessoal do governo federal. No ano passado, o percentual pulou para 43,2%.
Em números absolutos, a União gastou o equivalente a R$ 3,895 bilhões com servidores aposentados ou pensionistas em 87. Em 95, o valor foi de R$ 17,253 bilhões.
O valor das pensões e aposentadorias ainda não ultrapassou o montante que se gasta com os servidores da ativa. Mas as duas cifras aproximam-se continuamente.
Em 1996, o governo prevê gastar R$ 21,238 bilhões com servidores na ativa e R$ 18,282 bilhões com funcionários aposentados ou pensionistas. Ou seja, 51,1% para os da ativa e 44% para os inativos.
A conta não dá 100% porque o governo federal contribui para o pagamento de funcionários de alguns Estados -os antigos territórios- e do Distrito Federal.
Em relação ao Produto Interno Bruto (PIB, soma de tudo o que o país produz), os salários, aposentadorias e pensões pagas pelo governo federal passaram de 3,46%, em 87, para 6,15%, em 95.
Em dezembro passado, o Brasil tinha 1.025.414 servidores públicos na ativa. Os aposentados ou pensionistas eram 759.902.
À época, um funcionário público na ativa ganhava, em média, R$ 1.480,47. Já um servidor aposentado ou pensionista recebia, também em média, R$ 1.667,48 -12,63% a mais do seu colega que continuava a trabalhar.

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