São Paulo, domingo, 25 de fevereiro de 1996
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'Turismo de negócios' reabilita hotéis

LUCIA MARTINS; AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Todos os anos o setor hoteleiro de São Paulo amarga uma crise nos dois primeiros meses do ano. Nesse período, são registradas as menores taxas de ocupação dos cerca de 11 mil quartos de hotel da cidade: entre 20% e 25%.
Passando o Carnaval, o número de hóspedes dobra. A maioria vem a São Paulo para participar de convenções, feiras e cursos -é o chamado "turismo de negócios".
"Janeiro e fevereiro são meses consolidadamente deficitários para o setor. É nessa época que são feitas as reformas e a manutenção dos prédios", diz James Akel, 42, presidente do Conselho de Hotéis de São Paulo.
Akel já sentiu o problema na pele. Dono de hotel durante 15 anos (no ano passado vendeu seus últimos quatro hotéis), ele conta que várias vezes no mês de fevereiro ficou "com o cheque especial no vermelho".
O cenário lembrado por Akel é de causar desespero em qualquer empresário do setor: quartos vazios, telefones mudos no balcão de reservas e despesas "sem fim".
"Para quem não tem experiência, a sensação é de pânico total nesse período. Os hóspedes não aparecem e os gastos com empregados e manutenção continuam."
Segundo Akel, os donos de hotéis mais experientes não se desesperam com o baixo movimento. "Isso é normal. O negócio é esfriar a cabeça e aproveitar essa época para viajar. Quando voltar, recomeça tudo."
A partir de março, o movimento vai melhorando até atingir seu ápice, em outubro. O mesmo acontece com os eventos na cidade (feiras, convenções, cursos etc.).
Em média, eles crescem 40% depois do Carnaval entre fevereiro e março. Em 95, subiram 46%: passaram de 2.435 para 3.578. O maior número de eventos ocorreu em setembro: 4.741.
"Em fevereiro, as pessoas preferem não programar eventos porque normalmente essas atividades estão ligadas a trabalho e todo mundo está de férias", diz Aristides de La Plata Cury, diretor-executivo do São Paulo Convention & Visitors Bureau, uma fundação com o objetivo de estimular o turismo em São Paulo.
Apesar de concordar que fevereiro é o mês que menos atrai turistas, Cury diz que pretende reverter essa situação.
"Antigamente quase não havia evento na cidade em janeiro. Hoje eles são significativos. Não estou dizendo que vou conseguir que as pessoas prefiram o Carnaval daqui ao do Rio, mas podemos atrair mais turistas nessa época."
Akel discorda: "Não adianta fazer campanha porque nunca conseguiremos encher hotéis no fim-de-semana ou no Carnaval. A menos que aconteça uma catástrofe no Rio".
(Lucia Martins e Aureliano Biancarelli)

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