São Paulo, domingo, 25 de fevereiro de 1996
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Mercado apóia incentivo fiscal

MILTON GAMEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Eliminar o incentivo fiscal da futura conta de previdência complementar seria o mesmo que condenar a aplicação a um rotundo fracasso.
Afinal, por que diabos um trabalhador depositaria sua aposentadoria complementar numa aplicação semelhante a um fundo de investimentos, com prazo de carência de dez anos para resgate, se já conta com opções como os próprios fundos e a caderneta de poupança, com resgate mensal?
As aplicações existentes, com liquidez imediata (os recursos podem ser sacados a qualquer tempo, com prejuízo somente da rentabilidade do mês em questão), já cumprem esse papel.
Nem mesmo os fundos de 60 dias de prazo, que têm maior rendimento, são capazes de conquistar os depositantes. Estes, preferem (ou precisam) ficar no curto prazo e garantir o dinheiro ao alcance da mão.
Por isso, os especialistas do mercado financeiro apóiam a manutenção do incentivo fiscal, permitindo-se a dedução das contribuições previdenciárias dos rendimentos sujeitos ao IR.
"O mecanismo foi adotado com sucesso nos países desenvolvidos, que têm hoje uma grande indústria de fundos de investimento", lembra Luis Carlos Trabuco Cappi, presidente da Bradesco Previdência e da Anapp (associação das empresas privadas de previdência com fins lucrativos).
No Brasil, por sinal, desde o início do ano pode-se abater do IR a contribuição para os planos de previdência complementar oferecidos por bancos e outras empresas.
O incentivo fiscal na nova poupança-pecúlio seria, portanto, uma questão de se manter a isonomia com as aplicações existentes.
É bom lembrar que o governo não faz renúncia fiscal ao dar o incentivo. Apenas difere o recebimento do imposto, isto é, passa a arrecadá-lo quando o aposentado começar a receber os benefícios.

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