São Paulo, domingo, 25 de fevereiro de 1996 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Belluzzo se irrita com 'mentira'
LUIZ ANTONIO CINTRA
"Essa é uma das mentiras históricas que ficaram. O plano fracassou porque as condições externas não eram favoráveis", avalia. Em 1986, Luiz Gonzaga Belluzzo fazia parte da equipe do empresário Dilson Funaro, então ministro da Fazenda. Hoje, revendo o plano -e mesmo frisando várias vezes a história dos "bandidos e mocinhos"-, Belluzzo avalia que pelo menos um político -o então presidente e hoje senador José Sarney- tem bastante responsabilidade, ao menos pelo tempo de vida do plano. "O Sarney ficou encantado com o congelamento e esse apego dele talvez tenha contribuído para o plano se desfazer mais cedo", diz. O que deveria ter sido feito, avalia Belluzzo, era uma saída gradual do congelamento. Mas o maior problema do Cruzado -as tais condições externas citadas pelo economista- era a falta de financiamento, recursos que viessem do exterior para fechar as contas do país -como tem ocorrido com o Real. "Se o Cruzado tivesse as mesmas condições do Real, teria tanto ou mais sucesso do que o Real tem tido", avalia. Mas, além dos problemas para acertar as contas do país -que entrou no plano com US$ 7 bilhões de reservas, que logo se esvaíram-, o Cruzado tinha ainda um problema de concepção. Era a teoria da inflação inercial -"uma ilusão", para Belluzzo-, arquitetada pelos economistas André Lara Resende, Pérsio Arida e Francisco Lopes. Todos, por sinal, partícipes do Real. Há ainda o fato de que o Cruzado foi feito em um período de transição política, quando o Brasil deixava o regime autoritário. Com isso, diz Belluzzo, ainda não havia ambiente para as discussões em torno das reformas da economia, como ocorre hoje. Texto Anterior: Conceição não choraria hoje Próximo Texto: "Fiscal de Sarney" diz que agora está pior Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |