São Paulo, domingo, 25 de fevereiro de 1996
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"Fiscal de Sarney" diz que agora está pior

ARTHUR PEREIRA FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Dez anos depois, o empresário Omar Marczynski afirma não ter muitas lembranças da época do Cruzado. "Houve tantos planos depois daquele. Prefiro falar sobre o presente. A situação do pequeno empresário agora ficou pior."
O Plano Cruzado garantiu a Marczynski alguns momentos de glória e fama. Ele ficou conhecido como "o fiscal do Sarney", após ter comandado, em frente a câmeras de televisão, o fechamento de um supermercado em Curitiba, que havia remarcado preços congelados no dia anterior.
Marczynski não era funcionário da Sunab ou outro órgão de fiscalização. Mas levou ao pé da letra o apelo do então presidente Sarney para que todos se transformassem em fiscais do plano.
Sua atuação durante o Plano Cruzado acabou rendendo um cargo público de projeção nacional alguns anos depois.
Durante 18 meses, no início do governo Collor, em 90, ocupou a superintendência da Sunab (Superintendência Nacional de Abastecimento). Sua missão: controlar preços. "Foi difícil enfrentar o empresariado paulista da Fiesp", conta.
Deixou o cargo para se candidatar a vereador em Curitiba pelo PTB. Não foi eleito. "Política, nunca mais", garante.Hoje, aos 53 anos, Marczynski continua em Curitiba. É dono da Karen Kelly, uma empresa de confecções que criou um ano antes do lançamento do Plano Cruzado.
"Dá pena de ver. O setor está quebrado no Paraná e em Santa Catarina", reclama, culpando os juros e o desemprego.
"A inflação caiu. Compro tecido agora mais barato do que no ano passado. Mas não consigo vender um vestido que custa R$ 15,00 nem dando desconto."

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