São Paulo, domingo, 25 de fevereiro de 1996
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Sul-africano denunciou preço de restaurante

MILTON GAMEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

O espírito cívico que baixou nos consumidores do Cruzado desceu até em quem não tinha, no sentido estrito, cidadania para engrossar as fileiras dos "fiscais do Sarney".
Foi o caso do executivo sul-africano Robert Landecker, um dos leitores que ligaram para a Folha Emergência, serviço do jornal que serviu para acolher denúncias contra aumentos irregulares na época do congelamento de preços.
Naquele tempo, Landecker trabalhava na avenida Paulista e almoçava com frequência nos restaurantes do hotel Maksoud Plaza, próximo ao "espigão paulistano".
Entre o dia 27 e o dia 28 de fevereiro, quando o Plano Cruzado foi decretado, o hotel, segundo Landecker, reajustou de Cr$ 95.000,00 para Cr$ 138.000,00 um prato que ele havia almoçado.
O gerente do hotel, na ocasião, disse à Folha que quem ia ao hotel tinha que pagar pelo luxo.
Dias depois, o governo prenderia o empresário Roberto Maksoud, dono do hotel, acusado de ter subido o preço de um refrigerante.
Hoje, dez anos depois, Landecker, 54, dá risadas sobre o episódio.
"Minha denúncia foi um ato de indignação, não teve nada a ver com o Maksoud pessoalmente, nem com o hotel", disse ele na quinta-feira passada.
O executivo, atualmente diretor-financeiro de uma indústria farmacêutica, diz que foi movido pelos apelos do então presidente José Sarney, em defesa do plano econômico.
Mesmo sem ter a cidadania brasileira, Landecker sentiu-se chamado a defendê-la na batalha contra a inflação.
Afinal, já morava havia dez anos no Brasil, onde casou-se com uma nativa e constituiu família.

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