São Paulo, domingo, 25 de fevereiro de 1996
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Clinton reage a previsões do Fed sobre crescimento

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Na véspera de ter seu nome apontado pelo presidente Clinton para um terceiro mandato à frente do banco central dos EUA (Fed), Alan Greenspan se viu no meio de uma polêmica com a Casa Branca sobre o futuro da economia.
Greenspan previu em um de seus periódicos depoimentos ao Congresso que o PNB norte-americano vai crescer 2,5% em 1996, o que não chega a ser pouco, mas também não é nenhum espetáculo.
Clinton discordou. Ainda mais em ano eleitoral, o presidente sempre quer pintar o cenário mais róseo possível para o futuro econômico nacional.
Ele reclamou em público que Greenspan deveria ter levado em conta os efeitos do desenvolvimento tecnológico sobre a produtividade e que, se esse fator fosse considerado, a previsão teria de ser de pelo menos 2,7%.
Greenspan respondeu que a tecnologia em geral leva tempo para produzir ganhos de produtividade. Citou como exemplo o motor elétrico, desenvolvido no século 19, mas só totalmente utilizado por indústrias nos anos 1920.
Os números revistos do crescimento do PNB dos EUA em 1995 mostraram que a economia cresceu no ano passado 2,1%. Foi o menor índice desde 1991, quando o país estava no auge da recessão.
A Casa Branca reagiu: o problema foi localizado no último trimestre. Os motivos: as tempestades de neve que pararam a costa leste do país e a crise do Orçamento, que deixou o governo federal parcialmente imobilizado.
A neve provavelmente não vai cair de novo este ano. Mas o impasse do Orçamento persiste.
No geral, no entanto, Greenspan até que foi otimista para o ano: inflação sob controle, crescimento moderado, mas seguro. Chegou a acenar com nova redução nas taxas de juros.
Clinton pode achar que Greenspan lhe deve essa. Em 1992, embora o país estivesse se recuperando da recessão, o então candidato da oposição cobrou do presidente do Fed os sucessivos cortes nas taxas de juros, que, a seu ver, beneficiavam o candidato à reeleição, George Bush. Agora, Clinton deve se sentir no direito de esperar tratamento igual ao dado a Bush.

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