São Paulo, terça-feira, 27 de fevereiro de 1996
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Senadores usam Banespa e Nacional para criticar BC

GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O rombo do Banco Nacional, que pode chegar a R$ 5 bilhões e ter sido provocado por operações irregulares gerou ontem, no Senado, uma série de ataques à fiscalização do Banco Central e um movimento para convocar a depor os ex-dirigentes do banco.
Houve também acirramento dos ânimos no Senado contra o acordo do Banespa, que permitirá ao governo de São Paulo renegociar sua dívida junto ao banco (cerca de R$ 15 bilhões) em condições privilegiadas.
Segundo o senador Ney Suassuna (PMDB-PB), que iniciou o movimento, deverão ser convocados também executivos da empresa de auditoria KPGM, que avalizou os balanços do Nacional, "para explicar como foi possível enganar o BC por tanto tempo".
"Do jeito que vamos, serão R$ 25 bilhões apenas com três bancos: Banespa, Nacional e Econômico", disse em plenário o senador Esperidião Amin (PPB-SC), referindo-se aos R$ 15 bilhões do Banespa, os R$ 5,8 bilhões já injetados no Nacional e às previsões de gastos extras com o Nacional e com o Econômico -banco baiano sob intervenção desde agosto.
A maioria dos presentes ontem no Senado fez discursos críticos à atuação do BC no controle dos bancos. Édson Lobão (PFL-MA), se posicionou contra o acordo do Banespa, se disse "horrorizado" com o rombo do Nacional e "decepcionado com a omissão do BC".
O vice-líder do governo, Vilson Kleinubing (PFL-SC) cobrou punições aos auditores do Nacional e chegou a aventar a hipótese de "desfazer o negócio" da absorção do Nacional pelo Unibanco. Também se manifestou contra o acordo do Banespa.
O governo terá que atuar como "bombeiro" até a reunião de amanhã da CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) -quando pode ser decidida a convocação dos ex-dirigentes do Nacional, abortada em novembro pelos governistas.
A CAE também estará recebendo nos próximos dias parecer do BC propondo a ampliação do limite de endividamento do governo paulista, condição necessária para a concretização do acordo destinado a socorrer o Banespa.
Na comissão estão Amin, Kleinubing e Suassuna -este foi o principal crítico ontem do acordo do Banespa. "Nenhum nordestino que parar para pensar pode votar a favor desse acordo", disse.
Eduardo Suplicy (PT-SP), também da CAE, quer convocar também o governador de São Paulo, Mário Covas, para explicar o rombo de seu banco. O PT defende uma CPI para o BC, mas não está predisposto a votar contra o acordo do Banespa.
As expectativas no Senado são quanto à atuação do senador Gilberto Miranda (PMDB-AM), presidente da CAE e tradicional adversário de projetos do governo. Miranda já atacou publicamente o acordo do Banespa.
Segundo sua assessoria, Miranda chega hoje do exterior e presidirá amanhã a reunião. Em outras ocasiões, como no lançamento do programa de fusões bancárias, Miranda ameaçou complicar a vida do governo, mas nada fez.

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Sobre BC e bancos às págs. 2-1 e 2-3

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