São Paulo, sexta-feira, 1 de março de 1996
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Presidente falou das dificuldades

RAYMUNDO COSTA
DO PAINEL, EM BRASÍLIA

Em um encontro com os líderes do governo no Senado, na noite de quarta-feira, o presidente Fernando Henrique Cardoso disse que soube das dificuldades de caixa do Banco Nacional em outubro do ano passado.
FHC negou, porém, que tenha sido informado em detalhes sobre contas fantasmas e fraudes praticadas por administradores do banco.
O presidente referia-se às cerca de 700 contas manipuladas pelo Nacional para maquiar o balanço da instituição. As operações totalizam cerca de R$ 5,3 bilhões.
Participaram da reunião no Planalto os líderes Elcio Álvares (PFL), Jader Barbalho (PMDB) e Sérgio Machado (PSDB), além do ministro Pedro Malan (Fazenda). O presidente e o ministro estavam tensos, o que não é usual, segundo um dos presentes.
Os líderes procuraram o presidente depois de um dia de tensão no Senado. Reclamaram das "informações desencontradas" e fizeram breve relato das cobranças feitas pela oposição e algumas lideranças governistas nas sessões das comissões e do plenário.
FHC disse aos senadores que todas as denúncias eram baseadas nas investigações feitas pelo próprio BC. E lembrou que a crise do sistema financeiro não fora produzida por ele, mas por governos passados.
Mais uma vez FHC insistiu que apenas tomou as providências necessárias para evitar um grande colapso no sistema financeiro.
Citou o exemplo da Venezuela, onde crise semelhante chegou a provocar uma perda de 15% no PIB daquele país, em apenas um mês.
No final da conversa, FHC prometeu continuar com as investigações até as últimas consequências. Ele defendeu ainda mudanças na fiscalização do Banco Central.
A situação do Banco Nacional foi informada ao Palácio do Planalto pelo ministro Pedro Malan, logo depois que o BC descobriu as operações irregulares na contabilidade do Nacional.
A informação foi passada para o ministro-chefe da Casa Civil, Clóvis Carvalho. Malan e Carvalho decidiram, então, acelerar as medidas em estudo para socorrer o Banco Nacional.
No início de novembro, o BC criou o Proer (Programa de Estímulo e Reestruturação do Sistema Financeiro), com linhas de crédito especiais. O governo também baixou uma medida provisória facilitando fusões e incorporações de bancos.
Logo em seguida, o BC passou a negociar com o Unibanco a venda do Banco Nacional, acertada no dia 18 de novembro.

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