São Paulo, sexta-feira, 1 de março de 1996 |
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Ajudar banco quebrado é roubo, diz CNBB
FERNANDO MOLICA
"Basta de sacrificar vidas para salvar planos econômicos", afirma nota divulgada ontem pela entidade. Na nota, CNBB afirma não ser justo que se "roube o pouco dinheiro dos pobres aposentados, dos pequenos produtores e dos trabalhadores em geral para injetar no sistema financeiro, salvando quem economicamente já está salvo ou já acumulou ingentes (enormes) riquezas através da fraude e do roubo". Preocupação O documento afirma que os bispos católicos brasileiros "estão preocupados com a falta de uma política adequada de reforma agrária" e com o fato de a questão da terra estar sendo tratada como caso de polícia". "Neste sentido, exigimos a aceleração dos esforços para uma solução justa dos conflitos agrários e a libertação imediata dos líderes do Movimento dos Sem-Terra", prossegue a nota. Proposta por d. Angélico Bernardino, bispo-auxiliar de São Paulo, a nota, intitulada Clamor por Justiça e Paz", foi aprovada durante reunião, encerrada ontem, em Brasília, da direção da entidade -que é dirigida por d. Lucas Moreira Neves. O documento cita também a "perplexidade dos bispos com o aumento da violência, dos assassinatos e da crescente desvalorização da vida humana". "Não dá para aceitar a violência como um processo natural, como uma epidemia incontrolável", afirma a nota. Os bispos pedem o fim da impunidade, a existência de uma polícia mais democrática e dotada de mais recursos" e de uma ação judicial mais rápida, eficiente e justa". Ainda na nota, a CNBB afirma que a "política de globalização da economia exclui muitas pessoas do processo produtivo, carregando ainda mais as armas da violência". Na abertura do documento, os bispos afirmam "convidar os católicos a uma reflexão sobre a urgente necessidade de justiça e paz para a nação brasileira". No encerramento da nota, os bispos citam, entre os compromissos da CNBB, "lutas relacionadas com a demarcação das terras indígenas, reforma agrária, defesa dos direitos trabalhistas adquiridos e por uma política econômica que garanta o emprego e a dignidade dos brasileiros". O texto ressalta que o tema da Campanha da Fraternidade de 1996 é Fraternidade e Política e pede "profundas mudanças" na maneira de conduzir o país, à começar por maior democracia e "transparência no processo eleitoral que se aproxima". Conjunto de ações e debates sobre temas políticos, religiosos e sociais, a Campanha da Fraternidade é promovida pela CNBB, desde a década de 60, a partir do início da Quaresma -os 40 dias que antecedem a Páscoa. Texto Anterior: Consultoria externa é cogitada Próximo Texto: Leia a nota da Igreja católica Índice |
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