São Paulo, sexta-feira, 1 de março de 1996
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KPMG ameaça com um processo

ELVIRA LOBATO
DA REPORTAGEM LOCAL

A KPMG, responsável pela auditoria dos balanços do Banco Nacional, declarou que desconhecia a existência de mais de 600 contas fantasmas que acobertaram um rombo de cerca de US$ 4,5 bilhões do banco.
"Uma auditoria não consegue identificar uma fraude quando ela é praticada com o conluio da alta administração", disse Lino Campion, um dos sócios da KPMG.
BC
Ele admitiu que a versão da empresa é difícil de ser aceita, mas lembrou que a fiscalização do Banco Central também não conseguiu descobrir as fraudes.
A KPMG é uma das maiores empresas de auditoria do mundo e sua atuação, no caso do Nacional, está sendo examinada por sindicâncias da Comissão de Valores Mobiliários e do Conselho Regional de Contabilidade do Rio de Janeiro.
Campion disse que se a empresa vier a ser punida, poderá processar os ex-dirigentes do Banco Nacional por danos causado à imagem da empresa.
Ele disse que a KPMG segue os procedimentos internacionais de auditoria, mas que "mutretas" como as praticas pelo Nacional "só podem ser percebidas se houver delação".
As auditorias checam as informações que são prestadas pelas empresas por um sistema de amostragem.
A checagem das operações de pequeno vulto é feita por carta ao correntista, para que ele confirme o valor de sua operação.
Nas operações de grande vulto, segundo Campion, o auditor vai pessoalmente ao cliente checar as informações.
Conta fictícia
Campion disse que nenhuma das contas fictícias do Nacional foi apanhada na amostragem o que é "outro fato inexplicável".
Como o valor médio das contas chegava a R$ 7 milhões, se elas tivessem caído na malha de amostragem teriam sido checadas "in loco" pelos auditores.
Campion disse que no último balanço do Nacional auditado, a KPMG alertou para um déficit de US$ 2,5 bilhões.

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