São Paulo, sexta-feira, 1 de março de 1996
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"Ombudsman" da polícia de SP apura supostos casos de tortura

VICTOR AGOSTINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Dezesseis supostos casos de tortura, espancamento e abuso de poder por parte de policiais civis e militares estão sendo investigados com prioridade pela Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo, revela dossiê divulgado ontem pelo "ombudsman" da polícia, Benedito Domingos Mariano.
A informação faz parte do relatório trimestral da Ouvidoria, que aponta a má qualidade de atendimento policial no Estado como a reclamação que mais aparece entre os que procuram o órgão.
Em segundo lugar no ranking (veja quadro ao lado) das queixas está a falta de policiamento em bairros da capital e no interior.
O caso mais antigo -de 1992-, denunciado à Ouvidoria em novembro do ano passado, foi a morte de um garoto perto da escola Nicolau Moraes de Barros, em Santo André (ABCD).
Segundo o relatório da Ouvidoria, PMs foram chamados para apartar uma briga e acabaram espancando um garoto, que só assistia a confusão. Três dias depois, R.S. (os nomes são mantidos em sigilo no relatório) morreu.
Neste caso, o ombudsman sabe que um dos policiais envolvidos no espancamento foi expulso da corporação. Os outros respondem processo.
Normalmente, Mariano não recebe relatórios sobre o afastamento de policiais envolvidos em acusações de tortura, espancamento ou abuso de poder.
"É um procedimento que eu vou tentar estabelecer daqui para frente", disse.
Carlos Antônio Sequeira, diretor do departamento de comunicação da Polícia Civil, afirmou que os sete casos envolvendo policiais civis vão ser investigados.
"Nossa orientação para os delegados é não boicotar de forma alguma os trabalhos da Ouvidoria", disse.
Outro caso entre os 16 é o do casal que teve a casa invadida em novembro de 95 por integrantes da PM. Ele, com 63 anos, e ela, com 52, teriam recebido choques elétricos, coronhadas e pontapés.
A ação dos policiais, segundo o relatório da Ouvidoria, visava a identificar o autor da morte de um PM.

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