São Paulo, sexta-feira, 1 de março de 1996
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BC atua no over e divide o mercado

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Foi um dia tenso e esquisito no mercado financeiro. Enquanto a Bolsa despencava junto com os títulos da dívida externa, a atuação do BC (Banco Central) no over dividia os analistas.
O BC deixou que a taxa de juros no over escorregasse e, depois, tomou recursos a 3,35%. No final do dia foi obrigado a vender recursos pela taxa punitiva de 3,65%.
Para alguns analistas, essa atuação foi episódica e pontual, não revelando a taxa que será praticada a partir de hoje.
Para outros, porém, o BC, em sua primeira atuação, sinalizou que o juro vai cair menos do que se esperava em março. Muito menos do que se esperava.
A diferença na taxa efetiva -caso março inicie com o juro no over a 3,35%- seria de 0,1 ponto percentual ou 1,2 ponto percentual no ano -o que equivale a quase dois meses de inflação.
Se a segunda avaliação é a correta, hoje será um dia de ajuste no mercado futuro -todas as taxas previstas para os próximos meses serão revistas para cima. A palavra final será dada hoje, pelo BC.
No câmbio, o dólar comercial acabou fechando em alta, sendo cotado na venda a R$ 0,9845.
O BC não atuou no mercado. Anteontem, ele realizou um leilão de "spread" para conter a alta especulativa, diziam. Ontem, deixou a alta acontecer. A valorização do dólar é explicada em parte como um subproduto do resultado do leilão de títulos do Tesouro.
Os papéis cambiais de um ano foram vendidos por 17,7% ao ano -abaixo das expectativas.
Ou seja, os bancos que não conseguiram adquirir o papel e estavam descobertos foram obrigados a comprar dólares no comercial e no mercado futuro.
O Tesouro vendeu também papéis corrigidos pela TR pela taxa de 16,8% e títulos prefixados de 180 dias pela taxa de 2,95%.
O Tesouro alongou seus títulos prefixados em 30 dias. Uma vitória importante dado o clima atual do mercado financeiro. Significa que os bancos continuam apostando em uma inflação controlada e em uma trajetória, mesmo que mais lenta, de queda para os juros.
A taxa obtida no leilão comporta um juro efetivo no segundo semestre de mais de 2% ao mês. Vai ser duro para as empresas.

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