São Paulo, sexta-feira, 1 de março de 1996
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Brasileiro insinua que time venezuelano falsifica idades

MÁRIO MAGALHÃES
DO ENVIADO A TANDIL

O supervisor da seleção brasileira, Américo Faria, insinuou ontem que a Venezuela falsificou documentos de alguns jogadores para inscrevê-los no Pré-Olímpico da Argentina, torneio restrito a atletas nascidos a partir de 1973.
"Não quero dizer nada porque seria uma palavra oficial, mas vi um jogo pela televisão e achei alguns jogadores muito fortes."
O supervisor fez a afirmação depois de acusar o goleiro boliviano Maurício Adorno de ser "gato".
Na gíria futebolística, essa expressão indica atletas com idade real superior à que consta em documentos oficiais.
A aparência de pelo menos 30 anos do goleiro boliviano foi muito comentada no torneio.
Mas o passaporte usado na inscrição registra nascimento no dia 10 de fevereiro de 1973.
Américo Faria é o homem-forte da comissão técnica brasileira. Seu nome aparece à frente do de Zagallo na lista da delegação no Pré.
A insinuação sobre "gatos" venezuelanos foi feita com base em imagens de televisão.
Apesar de fortes, os adversários de hoje não parecem, pessoalmente, ter mais de 23 anos.
A utilização de "gatos" é hábito na América do Sul e, principalmente, nas seleções africanas.
Um jogador mais velho tem vantagem física frente a outros em competições de jovens, onde há limite de idade.
"Trabalhei no Oriente Médio e lá há muito 'gato"', afirmou Faria.
"É um expediente que só traz sucesso efêmero. O time engana a si mesmo, e em clubes brasileiros há muito disso."
O atacante Ronaldo (do clube holandês PSV Eindhoven) é apontado como "gato" em conversas de bastidores no Rio, onde nasceu.
Ronaldo nega que tenha mais do que 19 anos.
Nunca houve prova de que ele seja mais velho.
Exames para detectar a idade biológica são considerados caros para serem implantados no futebol.

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