São Paulo, sexta-feira, 1 de março de 1996
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Joe Satriani lança novo disco e se prepara para tocar no Brasil

EDSON FRANCO

Aos 39 anos, o guitarrista norte-americano Joe Satriani descobriu que só o virtuosismo não é suficiente para arrebatar platéias. Com um estilo mais "emotivo", o músico lançou um disco que leva seu nome e se prepara para uma turnê no Brasil no mês de maio.
Em São Paulo, as apresentações do guitarrista acontecem no Olympia, nos dias 22 e 23.
Em entrevista à Folha, de sua casa em Los Angeles, Satriani adiantou que estará acompanhado de três músicos -Stuart Hamm (baixo), Simon Phillips (bateria) e Phill Ashley (teclados)- e vai tocar músicas de todos os trabalhos da sua carreira solo.
Conhecido nos meios musicais como "professor", Satriani pode se orgulhar de ter ensinado a cartilha da guitarra para Steve Vai, Kirk Hammett (do Metallica), Larry LaLonde (do Primus) e Alex Skolnick.
Gravado praticamente ao vivo no estúdio, seu novo trabalho é pautado pela variação rítmica e o improviso coletivo e organizado. "Exceto por algumas faixas no meu CD anterior, esse é meu primeiro trabalho gravado com a intenção de registrar performances ao vivo."
A empreitada foi facilitada pelo calibre dos músicos que participaram das gravações, com destaque para o baixista Nathan East (da banda de Eric Clapton) e o econômico e eficiente guitarrista Andy Fairweather Low.
É a primeira vez que Satriani grava um trabalho próprio com outro guitarrista segurando o ritmo.
"Foi muito divertido. Andy tornou-se meu parceiro no estúdio e me deixou livre para explorar novas áreas de expressão. Em algumas músicas ele estava livre para criar o que bem entendesse. Em outras, ele tocou o que eu pedi."
Com temas mais palatáveis e uma musicalidade mais fluida, o guitarrista espera que o novo trabalho tenha mais aceitação por parte daqueles ouvintes que não estão habituados a ouvir discos instrumentais de guitarristas.
"Há alguns anos, quando os guitarristas pensavam em compor um novo disco, eles imaginavam um trabalho mais voltado para o heavy metal. Hoje, exploro estilos como o blues, bebop e diversos tipos de rock'n'roll, o que torna esse meu trabalho mais aceitável para o ouvinte médio."
Atualmente, Satriani trabalha em dois projetos. "Estou compondo para um CD sobre a música dos índios americanos. Além disso, Ian Gillan, vocalista do Deep Purple, me mandou uma fita com as músicas do seu próximo álbum, e eu estou escrevendo as partes de guitarra."
Após quase 25 anos de carreira, o músico diz que ainda há muitas regras musicais que ele pretende quebrar com sua guitarra.
"São tantas. A vida é curta demais para eu explorar todos os aspectos musicais que eu gostaria. Meus compromissos com gravadora, músicos e família me deixam pouco tempo para eu aprender tudo o que eu quero."
Célebre por tirar proveito das novidades tecnológicas e transformá-las em melodias, Satriani sempre deve ser ouvido quando o assunto é o futuro da guitarra.
"Eu acho que, no futuro, a despeito de todos os avanços tecnológicos, a guitarra estará cada vez mais condicionada à personalidade de quem a toca. Será preciso pesquisar e ouvir muitas músicas de lugares diferentes para poder aparecer com idéias criativas."
Quem quiser antecipar os próximos passos do guitarrista baseado no que ele anda ouvindo, aqui vai a lista: música erudita, Blues, Beatles, Stones, Nine Inch Nails e Smashing Pumpkins. Nada de MPB, que ele diz desconhecer.

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