São Paulo, sexta-feira, 1 de março de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ballet de Hamburgo volta após 15 anos

ANA FRANCISCA PONZIO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Espetáculo: Dama das Camélias
Com: Ballet de Hamburgo
Quando: 13 e 14 de março, às 20h30

Espetáculos: Spring and Fall, Now and Then e Bernstein-Serenade
Quando: dia 16 de março, às 20h30
Onde: Teatro Municipal de São Paulo (Pça Ramos de Azevedo, s/nº; tel.222-8698)
Ingressos: R$ 15 a R$ 90

O Ballet de Hamburgo volta a se apresentar no Brasil, 15 anos depois de sua primeira e única visita ao país. A partir do dia 13, no Teatro Municipal de São Paulo, o elenco dirigido pelo norte-americano John Neumeier desde 73, interpreta "A Dama das Camélias" e um programa com três peças curtas, "Spring and Fall", "Now and Then" e "Berstein-Serenade".
No Rio de Janeiro, o grupo apresenta somente "Dama das Camélias" nos dias 19 e 20, no Teatro Municipal. Todas as peças têm coreografia de Neumeier, que conquistou para a companhia uma estabilidade sem igual.
Antigo companheiro de elenco de Márcia Haydée no Ballet de Stuttgart, Neumeier assumiu a direção do Hamburgo três anos antes da bailarina brasileira ganhar mesma função na companhia onde dançavam. Tudo indica que ele deve bater recorde na Alemanha, já que Márcia acaba de se desligar do Stuttgart.
"Iremos além do ano 2.000", disse Neumeier em entrevista à Folha, por telefone. Por hábito, ele não costuma fazer planos. Mas confia que conseguirá preservar a solidez do Ballet de Hamburgo no próximo século.
Sediado em um teatro voltado para a ópera, o Ballet de Hamburgo era inexpressivo antes da chegada de Neumeier que, além de renovar o elenco e o repertório, inaugurou uma escola e vários programas didáticos para formar e ampliar público.
Como coreógrafo, contrariou a escola norte-americana, influenciada por George Balanchine, que valorizava a beleza formal dos movimentos para explorar a dramaticidade de conteúdos inspirados em obras literárias ou musicais.
Para isso, a vida na Alemanha representou uma experiência fundamental. "O contato com a escola expressionista alemã foi muito importante", diz.
"Baseado na novela de Alexandre Dumas, o balé 'A Dama das Camélias' conta uma história emocionalmente muito forte. A coreografia usa técnica clássica, os personagens pertencem à história da literatura, mas ainda são capazes de ser compreendidos e traduzidos através da realidade de bailarinos atuais", diz Neumeuer.
Para o coreógrafo, sua versão de "A Dama das Camélias" não é um balé histórico, mas uma obra sobre problemas e condições humanas reais. "Não importa se a história acontece no século 19. O importante é que o público se sinta tocado por uma situação muito humana. Acredito que 'A Dama' é um clássico de nosso repertório em termos de balé moderno dramático."
A versão mais famosa de "A Dama das Camélias" foi a que Frederick Ashton criou em 1963, sob o nome "Marguerite and Armand", para Margot Fonteyn e Rudolf Nureyev.
A despeito das versões para dança, ópera e teatro da obra, Neumeier acha que imprimiu diferenças em sua "Dama das Camélias". "Tentei captar as sutilezas emocionais da obra literária, para que os personagens ganhassem maior dimensão. Também procurei tornar a história verossímil e clara, de maneira que se tornasse um espelho para quem a está assistindo."
Sobre o segundo programa que o Ballet de Hamburgo apresenta em São Paulo, Neumeier afirma que é uma paleta do repertório da companhia. "São peças que, em vez de histórias reais, transmitem sensações e atmosferas."
"Spring and Fall" sugere o clima folclórico da música de Dvorak. "Da mesma forma, a peça 'Now and Then', sobre um concerto de Ravel, tem um sentido de memória."
Na terceira peça, "Berstein-Serenade", Neumeier mostra várias relações entre casais. "Procuro captar os sentimentos sobre amor que o compositor Leonard Berstein introduzia em suas músicas."

Texto Anterior: Joe Satriani lança novo disco e se prepara para tocar no Brasil
Próximo Texto: Maluf proibe carro em lugar aberto!
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.