São Paulo, sexta-feira, 1 de março de 1996
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Importação e genética animam prateleiras

EITAN ROSENTHAL
ESPECIAL PARA A FOLHA

A oferta de novos produtos alimentares não pára. O desenvolvimento da tecnologia agrícola, da indústria gastronômica e do comércio exterior não deixam faltar notícia aos paladares ansiosos por novidades. Visitas aos templos da gastronomia paulistana sempre nos reservam boas surpresas.
A engenharia genética aplicada a sementes, por exemplo, tem produzido muitos resultados. A Yakult comercializa com sua marca um melão varietal com promessas de doçura inédita. Cada um custa R$ 13 no Morumbi Shopping.
No supermercado Santa Luzia há um certo brocoflower, misto de brócoli com couve-flor (R$ 15,40 o quilo). O Santa Luzia acerta também ao ampliar a oferta de cogumelos: vêm da França congeladas, em pacotes de 300 g, as espécies pleirotes (R$ 8,38), bolets (R$ 10,48), girolles (R$ 21,98) e cepes de bordeaux (R$ 20,65).
O empório Santa Maria diz produzir em Bragança Paulista, a partir de sementes híbridas importadas, as abóboras com formatos fantasioso e a tentadora linha de pimentas: Santa Fé, Novo México, Banana Doce, Jalapeño e Serrano (de R$ 17 a R$ 38 o quilo).
É a importação, porém, que gera mais impacto na oferta de iguarias. O Empório Santa Maria acaba de receber da Itália a linha de massas artesanais da marca Trii, adicionadas com cores e sabores curiosos. Talharini com urtiga, tinta de lula, salmão defumado, penne com chocolate e com pimenta vermelha no mínimo vão render pratos lindos. Custam em média R$ 5 (pacote de 500 g).
Se você gosta de seguir ao pé da letra as receitas dos grandes chefs franceses, use também a pequena e nobre echalot, que custa R$ 18 o quilo, cerca de dez vezes o preço da plebéia cebola plebéia.
No afã de oferecer novidades, revelam-se disparates. O Santa Luzia vende, como se fosse uma iguaria, pedaços de cana-de-açúcar por R$ 1,50 o quilo. O mesmo produto está cotado na bolsa de commodities a R$ 12 a tonelada.
Mas quando o assunto é novidade, somos insaciáveis. O gastrônomo francês Brillat-Savarin sonhava há 200 anos com "esculências minerais".
Mais realista, Nina Horta, colunista da Folha e proprietária do buffet Ginger, não espera que tirem leite de pedra, mas ficaria feliz de ver chegar ao Brasil os laticínios com baixo teor de colesterol já disponíveis aos americanos e "poder comer manteiga e creme de leite a semana toda e ainda ir ao restaurante no domingo".
Carlos Sifert, chef do restaurante Tambor, reclama da falta que faz o arroz basmati para um correto sotaque dos pratos indianos. Esta variedade de grãos longos e perfume de nozes que nasce aos pés do Himalaia é irrigado pelas águas do degelo da Cordilheira.
A Praça do Mercado do Morumbi Shopping não tem o arroz, mas oferece o rambotã (R$ 18 o quilo), uma fruta tropical que parece uma lichia peluda. Aliás, estas feiras localizadas dentro de shoppings, como também no Shopping Market Place, mais que trazer frutas e peixes exóticos, inovam no display dos produtos.
As frutas são valorizadas por modernas técnicas de programação visual. As verduras são vendidas limpas. Folhas verdes mistas prontas para irem à mesa, cenoura e vagem picados e misturados. Evidentemente, o consumidor é quem vai pagar por todo este diferencial.

ONDE ENCONTRAR: Praça do Mercado do Morumbi Shopping (av. Roque Petrone Jr., 1089). Empório Santa Maria no Shopping Market Place (av. Nações Unidas, 13.947, loja 105-A). Santa Luzia (al. Lorena, 1.471 - tel. 883-5844).

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