São Paulo, sexta-feira, 1 de março de 1996
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Clinton adverte Cuba sobre vôo de protesto

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O presidente dos EUA, Bill Clinton, advertiu o governo cubano para não impedir um protesto "seguro e pacífico" da entidade anticastrista Irmãos para o Resgate amanhã em águas internacionais em frente às de Cuba.
O grupo Irmãos para o Resgate também foi alertado por Clinton para que seus barcos e aviões não invadam território cubano. A Guarda Costeira dos EUA acompanhará a manifestação.
O governo de Cuba disse que usará "todos os meios necessários" para impedir que seu território seja violado e exigiu que os EUA impeçam o protesto da Irmãos para o Resgate.
Clinton resolveu endossar a manifestação da Irmãos para o Resgate para tentar apaziguar os ânimos da comunidade cubano-americana, insatisfeita com as sanções que ele adotou contra Cuba nesta semana pela derrubada de dois aviões da entidade no sábado passado.
Os quatro principais aspirantes à candidatura presidencial do Partido Republicano (oposição) criticaram ontem, em debate na Carolina do Sul (sul dos EUA), o comportamento de Clinton no caso.
Mike McCurry, porta-voz da Casa Branca, sede do governo americano, disse que os EUA não esperam confrontação no sábado que vem: "Acreditamos que o aviso dado a Cuba será suficiente".
O presidente vai assinar neste fim-de-semana ou na segunda-feira que vem a lei Helms-Burton, que amplia o embargo comercial de 34 anos contra Cuba, e que ele havia prometido vetar em 1995.
A lei pode trazer consequências para as relações dos EUA com alguns de seus tradicionais aliados, como o Canadá.
Ela estabelece que seja negado visto de entrada nos EUA de qualquer pessoa relacionada com empresas que tenham usado propriedade pertencente em 1959 a atuais cidadãos americanos e depois estatizada pelo governo cubano.
Milhares de exilados cubanos que se naturalizaram norte-americanos nos últimos 37 anos também poderão processar as empresas estrangeiras que tenham usado suas propriedades confiscadas pelo presidente Fidel Castro.
O Canadá, que tem comércio com Cuba no valor de quase US$ 500 milhões anuais e muitas empresas na situação prevista pela lei, pretende contestá-la com base no Acordo Norte-Americano de Livre Comércio (Nafta).
O governo de Cuba disse que a promulgação da lei Helms-Burton vai "afetar seriamente esforços para qualquer entendimento com os Estados Unidos".
Carlos Fernández de Cossio, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Cuba, afirmou que, "sem dúvida, a lei vai afetar a economia cubana".
(CELS)

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