São Paulo, domingo, 3 de março de 1996
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O futuro incerto de Serra

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - Só se fala em Banco Nacional em Brasília, certo? Errado. Negociações políticas de toda ordem estão em curso. E uma questão intriga muita gente: o futuro político do ministro do Planejamento, José Serra.
Serra, como se sabe, sonha alto. Quer ser presidente da República.
Queria, antes do Planalto, ter sido ministro da Fazenda. Marcar sua imagem como o "homem do Real". Não deu certo.
O futuro natural do ministro é disputar alguma eleição. Para presidente ou governador de São Paulo. Isso está praticamente inviabilizado.
É desejo do governo mudar a Constituição para permitir a reeleição de ocupantes de cargos executivos. Parece difícil neste ano, mas não é impossível de emplacar em 97 ou 98.
Reeleição aprovada, Fernando Henrique Cardoso será candidato. FHC é do PSDB. Serra, também. O vice será do PFL. Serra está fora.
Poderia candidatar-se ao governo de São Paulo. O atual governador, Mário Covas, do PSDB, diz ser contra a tese da reeleição. "Minha intenção é de não ser candidato", repete.
Só que, para esta coluna, Covas não foi tão assertivo. Acha que é voto vencido dentro do PSDB: "Nós vamos acabar tendo a reeleição".
Indagado sobre um segundo mandato, Covas declarou, curiosamente de bom humor: "Sei lá. Em política não se pode ser definitivo em relação às coisas".
Não restam dúvidas. No caso de haver reeleição, Covas vai disputar mais quatro anos no Palácio dos Bandeirantes, a sede do governo paulista.
De novo, Serra está fora.
O que sobra para o ministro do Planejamento? Ser candidato a prefeito de São Paulo, em outubro próximo. Nada deixa Serra mais irritado.
Também é difícil para Serra torcer contra a reeleição. Abre caminho para seus sonhos políticos. Mas é trombada certa com o desejo de FHC.
Serra anda esquisito. Nervoso, desconfia de todos. Enigmático, dizem. A incerteza sobre seu futuro é uma razão. Talvez a única.

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