São Paulo, quarta-feira, 6 de março de 1996
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Pérsio Arida teme por estabilidade do real

ANTONIO CARLOS SEIDL
DA REPORTAGEM LOCAL

O ex-presidente do Banco Central, Pérsio Arida, um dos "pais" do Plano Real, teme que a crise de confiança no BC, deflagrada pelas denúncias de irregularidades no sistema financeiro, ameace a estabilidade da moeda.
Segundo Arida, o Plano Real, após uma fase de desindexação bem-sucedida, é hoje um programa com uma dimensão monetária muito mais forte e relevante do que tem sido percebido.
"É nesse contexto que se deve lamentar a série de ataques à atuação do BC, que é a autoridade em última análise responsável pela estabilidade monetária no país".
Arida fez essas afirmações em palestra na abertura do seminário "The Brazilian Capital Market and Investments Summit", organizado pela publicação inglesa "Euromoney", ontem, em São Paulo.
Em sua palestra para analistas e executivos financeiros de grupos nacionais e estrangeiras, Arida fez uma análise positiva do Real.
Arida disse que a importância do BC no atual momento é de atuar como a ponte entre o curto e o longo prazo.
A manutenção da estabilidade a curto prazo, disse, recai fortemente sobre a política monetária.
Segundo Arida, a política atual do BC ainda é feita sob a "norma da prudência".
Há consciência, afirmou, de que os aspectos fundamentais do plano ainda não estão consolidados.
"É uma política que se rege por um princípio assimétrico, ou seja o custo de errar do ponto de vista de uma política expansionista em excesso é maior do que o custo de errar do ponto de vista de uma política contracionista em excesso".
Arida atribuiu à esse princípio de assimetria a postura conservadora do BC no manejo das políticas cambial e monetária e no desmantelamento das restrições creditícias.
Para ele, a grande questão que se coloca à frente é se a forte expansão de demanda agregada no final de 1994 e no início de 1995 pode voltar em 1996, forçando o BC a retomar um curso claramente contracionista.
Falando sobre as perspectivas do Real, ele disse que a pedra angular do Plano Real a longo prazo é dada pelas reformas constitucionais, privatização e abertura.

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