São Paulo, quarta-feira, 6 de março de 1996
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Loja de móveis serve de albergue para 45

DA REPORTAGEM LOCAL

A enchente da noite de anteontem no Butantã (zona oeste) pegou muita gente de surpresa. Em frente ao portão principal da USP, na rua Alvarenga, uma loja de móveis para escritório serviu de abrigo durante quase 12 horas para 45 pessoas, ilhadas pelas águas.
Segundo o proprietário da loja, Mário Hiroshi, 53, diversos diretores e gerentes estavam em reunião na hora da chuva. "Quando percebemos que a água estava subindo, encerramos a reunião e tentamos sair, mas já estava alagado", disse.
Além dos participantes da reunião, diversas pessoas que passavam pela rua na hora da chuva também se abrigaram na loja.
"Trouxe minha filha para assistir aula na USP, mas, na saída, não consegui passar pelo portão e acabei ilhada. Fui resgatada pelo pessoal da loja e acabei tendo que passar a noite lá", afirmou a socióloga Sônia Maria de Mattos, 48, enquanto esperava um guincho para levar seu Monza coberto de lama.
No estacionamento da loja, outros 28 carros alagados aguardavam a chegada de um mecânico.
O diretor comercial Ederaldo Lombardi, 36, que teve um Honda Civic coberto pela lama, disse que passou a noite inteira ligando para a Administração Regional do Butantã pedindo auxílio, mas o telefone estava sempre ocupado.
Na avenida Afrânio Peixoto, transversal à Alvarenga, diversas casas foram invadidas pelas águas, apesar dos complexos sistemas antienchente que a maioria possui.
"As comportas na porta de casa funcionaram, mas a água entrou pelos tacos do chão", afirmou a dona-de-casa Sônia Vanzolini, 63.
Segundo ela, todos os móveis no primeiro piso de sua casa ficarão suspensos sobre tábuas até abril, quando termina a temporada de chuvas.
Na casa do aposentado Paulo Dóris de Oliveira, 73, que mora há 26 anos na rua Professor Horácio Beolinchi, paralela à Alvarenga, a água atingiu a garagem e o salão de festas, construídos em um nível inferior ao da rua. "Desativei esta parte da casa há seis anos. Tenho uma área de 160 m2 na minha casa que não posso usar", disse.

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