São Paulo, quarta-feira, 6 de março de 1996
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BAIXA RECORDE

A inflação continua surpreendendo positivamente. O indicador da Fipe para São Paulo chegou a 0,40% em fevereiro, a menor taxa desde dezembro de 1972. Mais, trata-se da menor inflação já registrada num mês de fevereiro nos últimos 41 anos. Alimentação, vestuário e educação foram os principais fatores de baixa.
Os economistas da própria Fipe já esperam uma inflação em 1996 da ordem de 12%. Se a performance de fevereiro perdurar, o número final poderá ser menor ainda, atingindo a marca de apenas um dígito.
Muito já se falou sobre os custos de se reduzir a inflação, um dos quais é o terrível aperto de crédito que o governo implementou. Mas, ao contrário do que ocorreu em outros planos, cujos custos foram também elevadíssimos, desta vez ao menos os resultados estão aparecendo.
Entretanto é importante, urgente aliás, lembrar nesse momento de celebração de recordes na luta contra a inflação que a guerra ainda não foi definitivamente vencida.
Como se sabe, a inflação baixa é explicada por fatores como a política de gradualismo na redução dos juros e na correção da taxa de câmbio. A inflação baixa é ótima, mas os juros altos são um agulhão que penetra fundo nas contas públicas e nas finanças das empresas que não conseguem acesso a crédito externo.
Ao mesmo tempo, não há como ignorar que essa inflação ainda é significativamente superior à que se observa no resto do mundo e, em particular, na Argentina (onde a taxa anual aproxima-se de zero). Ou seja, ainda há muito terreno a conquistar.
O que ainda não está claro é o custo ou mesmo a estratégia que o governo pretende adotar para chegar lá. O desafio continua sendo o de transitar para um regime de juros menores sem perder terreno na luta contra a inflação. Os preços, como se sabe, são o termômetro. Mas nem sempre a febre baixa é sinal de vitória definitiva contra uma moléstia crônica.

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