São Paulo, quarta-feira, 6 de março de 1996
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ENSINO COM EFICIÊNCIA

O recente apelo do governo em favor da melhoria da educação no país é por certo uma peça eivada de boas intenções, como é comum nos discursos oficiais. Basta lembrar que ao ser promulgada, a atual Constituição fixava, com algum irrealismo, um prazo de dez anos para a erradicação do analfabetismo no país.
Passados oito anos, ainda existem 19,2 milhões de brasileiros com 15 anos ou mais que não sabem ler nem escrever, 3,4 milhões dos quais entre 15 e 24 anos. Esse é um dos principais males visados pelo plano decenal de educação, anunciado anteontem pelo governo federal. O outro é uma suposta "iniquidade" na distribuição das verbas para o setor.
O governo conta com a aprovação de projeto de lei que prevê a centralização de recursos pela União e sua redistribuição a Estados e municípios, para assegurar equidade na dotação, hoje bastante desigual. A meta é a aplicação de R$ 300 por aluno ao ano, seja qual for a região.
O que não se vê, porém, por parte das autoridades é o esforço para acabar com o desperdício dos recursos, um dos piores males da administração pública e que se manifesta também no setor educacional. Também é urgente coibir as práticas clientelistas que há décadas geram distorções graves na destinação de recursos para a educação básica no país.
Sem um controle enxuto e eficiente das destinações orçamentárias, quaisquer cifras dadas como desejáveis serão sempre insuficientes.
A miragem dos constituintes em 88 não se realizou como era de esperar. Sem um controle de "quanto chega onde", as metas atuais também não sairão do papel.
O desafio, entretanto, é da maior urgência. As políticas educacionais tornam-se, no mundo atual, na verdade políticas de geração de emprego. Terá mais chance de emprego quem puder contar com uma boa formação, pois cada trabalhador deverá ser capaz de vender sua capacitação.

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