São Paulo, quinta-feira, 7 de março de 1996
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Ameaça de CPI faz Bolsa de SP despencar

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
DA REPORTAGEM LOCAL

O ambiente nos meios financeiros mudou da água para o vinho. Da tranquilidade de terça-feira, passou-se ontem a uma forte instabilidade, prevendo-se que continue assim nas próximas semanas. A Bolsa paulista caiu 4,28%.
A causa disso está em Brasília, na manobra do presidente do Senado, José Sarney, para garantir o número de assinaturas necessário para a formação da CPI do Banco Central e do sistema financeiro.
O setor ainda não está convencido de que a CPI vai sair. Executivos normalmente bem informados apostavam que Sarney e o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), pegando aí uma carona, usariam a ameaça de CPI para pressionar FHC.
Ou seja, cobrariam um preço para enterrar a possibilidade da CPI. Mas com CPI ou com ameaça, já estão aí os os ingredientes suficientes para instalar e manter a instabilidade no mercado financeiro.
O grau de tensão no mercado estaria assim variando conforme o andamento das negociações em Brasília. Esse ambiente volátil é uma ameaça direta aos bancos considerados mais frágeis.
Para o setor financeiro, a CPI será um desastre mesmo que não apure uma fraude sequer. Bastará a revelação de que alguns bancos precisam de assistência para que haja fuga de clientes.
No mercado, já se sabe quais bancos ainda não fizeram seu ajuste -e entre eles estão os estaduais e um privado de grande porte. Mas sabe-se também da disposição do BC de impedir novas quebras.
Com uma CPI, a situação se complica. A possibilidade de ela ser instaurada já faz com que todo o mercado financeiro torne-se mais seletivo nos negócios, discriminando os bancos frágeis. Ou seja, a possibilidade de crise já é o começo dela.

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sobre o mercado financeiro à pag. 2-8

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