São Paulo, sexta-feira, 8 de março de 1996
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Para Sarney, erro é "falta de liderança"

Senador avalia derrotas de FHC

CLÓVIS ROSSI
DA REPORTAGEM LOCAL

Antes de embarcar ontem para Portugal, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), deixou com amigos e assessores uma frase em que se defende das acusações de ser o culpado pelas derrotas do governo e responsabiliza as lideranças governistas.
"A grande falha chama-se falta de liderança. Quando o líder é de fato líder, ninguém assina nada antes de falar com ele", foi sua análise, conforme a Folha apurou.
É uma avaliação que começa a ganhar corpo no próprio governo, ao menos no que se refere a uma das duas derrotas governistas (a da obtenção de número para se instalar eventualmente a CPI do sistema financeiro).
É claro que os líderes do governo evitam trocar críticas em público. Preferem tangenciá-las com a avaliação de que faltou articulação política para evitar as duas derrotas.
Mas, no caso da Previdência, a análise que se fez ontem no Planalto apontava outro culpado: o relator Euler Ribeiro (PMDB-AM).
Por essa análise, a derrota da proposta do relator, apoiada pelo governo, se deveu ao desgaste com que chegou ao plenário, depois de todos os incidentes em que o deputado amazonense se envolveu.
Análise reforçada pelo fato de que Ribeiro recusou-se a subir à tribuna, anteontem, para defender o seu texto, alegando para os governistas que "não havia clima".
Outro fator que pesou para as derrotas do governo foi, como a Folha ouviu de parlamentares do governo e da oposição, a crítica do presidente Fernando Henrique ao Congresso, em sua palestra no Colégio do México, no mês passado.
Por essa análise, parte dos congressistas não perdoou nem sequer o que FHC garante não ter dito, ou seja, a sugestão de amigos para que fechasse o Congresso, versão que se seguiu ao jantar, na semana passada, na casa do deputado Pauderney Avelino (PPB-AM).
Há divergências na avaliação dos desdobramentos das derrotas de anteontem. O senador Esperidião Amin (SC), presidente do PPB, acha que o governo tem "margem de manobra" para recuperar-se.
Mas, no gabinete de Sarney, brincava-se com o título de uma peça de teatro de muito sucesso: "Trair e coçar, é só começar".

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