São Paulo, sexta-feira, 8 de março de 1996 |
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FMI vai ajudar BC a renovar fiscalização
CARI RODRIGUES
FMI vai ajudar a BC a renovar fiscalização O FMI (Fundo Monetário Internacional) ajudará o Brasil a reestruturar e aprimorar o atual modelo de fiscalização e supervisão bancária. Uma equipe de quatro técnicos está há uma semana no Banco Central levantando dados que serão apresentados ao ministro Pedro Malan (Fazenda) e ao presidente do BC, Gustavo Loyola. Ontem, Loyola recebeu o grupo de técnicos e depois eles se reuniram com os integrantes do Departamento de Fiscalização do BC. Em novembro, quando a crise no Banco Nacional já era conhecida, o FMI ofereceu seu serviço de assessoria a Malan e Loyola. A oferta foi aceita: o governo brasileiro já pensava em pedir ajuda ao FMI. Os levantamentos do FMI na área de fiscalização e supervisão bancária ainda são preliminares. Mas uma das sugestões deve incluir um modelo para implantação de um sistema de classificação de créditos para os bancos brasileiros, conforme adiantou a Folha no último sábado. A idéia é criar uma central de avaliação de risco e estabelecer normas do que seriam bons e maus empréstimos: cada instituição financeira terá que obedecer os critérios de medição de risco dos empréstimos concedidos aos clientes. Hoje, os bancos não fazem a separação entre créditos bons e ruins -de difícil recuperação- em seus balanços. O sistema de classificação de créditos evitaria problemas como o que ocorreu no Nacional: créditos ainda a receber apareciam como receita artificial, o que provocou um rombo de R$ 5,3 bilhões. A missão do FMI começa a trabalhar no momento em que o Congresso já aprovou a instalação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar o sistema financeiro. O mercado financeiro ficou abalado depois da intervenção no Banco Econômico, em agosto do ano passado, e da quebra -causada por supostas irregularidades- no Nacional, em novembro. O ex-contador do Nacional Clarimundo Sant'Anna é acusado de montar no Nacional um esquema paralelo de contabilidade. Utilizou 652 contas com créditos de difícil recuperação e transformou-os em receita, gerando uma receita artificial. A fiscalização do BC não detectou as irregularidades ao longo de 10 anos. Ainda não há previsão para a conclusão dos trabalhos. Outra missão do FMI está avaliando as causas do déficit público brasileiro. Texto Anterior: Magalhães Pinto é enterrado no Rio Próximo Texto: Para ministro, TCU prejudicou a Vale Índice |
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